sábado, 19 de dezembro de 2009

E mais uma vítima...

Em um caso semelhante ao ocorrido na Bahia, no interior do Maranhão um menino de dois anos vive desde outubro com cinco agulhas de costura dentro do corpo. Os objetos foram detectados após a mãe, uma lavradora de 20 anos de São Vicente Ferrer (265 km de São Luís), levar o filho a um hospital.

Duas das agulhas, entre elas uma que havia perfurado o fígado, foram retiradas. As outras foram mantidas porque as remoções trariam riscos à criança, que hoje está fora de perigo.

Além das agulhas a criança apresentava várias fraturas. Segundo o delegado Otto Seques, a mãe atribui as fraturas à queda de uma rede, e diz acreditar que as agulhas são fruto de magia negra. A lavradora disse não saber, no entanto, quem teria praticado os supostos rituais.

"Na ignorância dela, ela diz que é obra do desconhecido, do além. Quero saber o que são essas obras do além", afirmou o delegado, que vai ouvir o pai da criança, que mora em outra casa, e os vizinhos, que cuidavam da criança na ausência da mãe.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Mais uma vítima...

A notícia parece estarrecedora. Uma criança de apenas dois anos de idade teve cerca de 30 agulhas introduzidas em seu corpo. O menino internado em um hospital em Barreiras (BA) apresenta agulhas em órgãos considerados nobres como pulmão, fígado, na coluna vertebral além de duas agulhas no ventrículo esquerdo do coração.

O ex-padrasto da vítima, Roberto Carlos Magalhães Lopes, 38, foi preso e confessou que introduziu os objetos no menino, durante rituais de uma seita religiosa. Segundo informou a polícia de Ibotirama (BA), cidade onde mora a família do menino e onde o padrasto está detido, Lopes disse que contava com a ajuda de duas mulheres, uma delas envolvida com magia negra.

O que poderia ser considerado um caso de desvio mental, nada mais é que outro exemplo do que a pratica religiosa ignorante pode fazer com crianças inocentes.

Mais uma criança vítima inocente da religião. Muitos irão se revoltar contra essa afirmação, alegando que magia não é religião. É sim! É crença no sobrenatural! É tão religião quanto as mais populares e nem mais, nem menos, assassina que qualquer uma delas. Estão todas na vala comum da ignorância, do obscurantismo, sejam testemunhas que não permitem transfusões, islâmicos que mutilam clitóris, católicos avessos a células-tronco ou praticantes de magia negra que espetam agulhas em crianças.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Papa proíbe casamento entre católicos e não católicos

Bento 16 comunicou à comunidade católica que os casamentos entre católicos e não católicos não são considerados válidos.O papa decidiu alterar o Código de Direito Canônico e apertou o cerco aos menos ortodoxos dentro da Igreja Católica.

Alterado, o artigo 1124 estabelece que "é inválido o matrimônio entre duas pessoas, uma das quais batizada pela Igreja Católica ou nela integrada e outra que não seja batizada". Ou seja, católicos e não católicos deixam de poder casar-se pela Igreja. Fica por esclarecer se os casamentos celebrados antes desta alteração são abrangidos pelas novas regras - ou seja, se deixam de ser reconhecidos todos os matrimônios celebrados entre batizados e não batizados ou com pessoas de outras religiões.Também os batizados que hoje professem outros credos são afetados pela alteração.

O casamento "entre duas pessoas batizadas, uma das quais batizada pela Igreja Católica ou nela acolhida através do batismo, e a outra integrada numa comunidade eclesiástica que não está em plena comunhão com a Igreja Católica não pode celebrar-se sem a autorização expressa de uma autoridade competente", lê-se no documento papal.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Enem 2009, horário especial para religiões sabatistas

As provas  do Enem 2009 serão realizadas nos dias 5 e 6 de dezembro a partir das 13h.

Acontece que o dia 5 de dezembro é um sábado e algumas religiões não permitem nenhuma atividade do pôr do sol de sexta-feira até o pôr do sol de sábado (depende, se o cara fica doente , ele vai para um hospital e reclama se não tem médico).

Uma novidade para este ano é que o Inep realizará a prova para estes alunos em horário especial no sábado.  Eles entrarão em seus locais de prova no horário estabelecido para todos os candidatos, às 13h e ficarão aguardando em um local até o horário do sol se pôr.

Líderes adventistas já concordaram com a proposta, mas os judeus não. O estudante Azril Ratz, do Centro Educação de Religião Judaica, obteve liminar obrigando o MEC a marcar uma nova data para judeus fazerem a prova. Ele alega que, mesmo com o horário diferenciado, no sábado teria que caminhar cerca de 7 km até o local da prova e, além disso, precisaria ir ao local um dia antes para levar todo o material que fosse utilizar (caneta, lápis e documentos) e, ainda, um lanche para se alimentar durante as sete horas em que aguardaria o início da prova.

A liminar foi cassada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Os islâmicos guardam a sexta-feira, judeus e adventistas guardam o sábado, católicos que não guardam nada dizem que guardam o domingo.

Logo logo vai ficar difícil fazer uma simples prova no "estado laico brasileiro".

domingo, 22 de novembro de 2009

Reencarnação

Eu adoro histórias de reencarnação. Acho todas muito divertidas. Essa conversa de ir nascendo e renascendo sem se lembrar de nada tem algo meio hollywoodiano, mas que começa a amedrontar quando você percebe que tem gente que a leva á serio.
Tirando o lado alegórico de que todo mundo foi uma princesa egípcia ou viveu na corte de Maria Antonieta (reparou que ninguém foi um zé-qualquer em encarnações anteriores?), a explicação que os espíritas dão para alguns fatos da vida é no mínimo doentia.
A mais bizarra delas é como ‘explicam’ a morte brutal de um inocente, Segundo a Lei do Retorno, uma tragédia necessária para que o espírito reflita e compreenda que todos os reveses acontecem para seu benefício durante a evolução.
Lindo!
Vejam, por exemplo, o caso de João Hélio Fernandes Vieites, uma criança de 6 anos, morto e despedaçado no Rio, em 2007, por ladrões de automóvel ao ser arrastado, preso ao cinto de segurança, por mais de 7 quilômetros.
Diante de uma morte tão brutal, racionalizam os espíritas que a criança apenas pagou por algo extremamente grave que cometera em uma vida anterior. Que essa foi apenas uma forma dela se livrar dessa dívida e permitir a seu espírito evoluir.
Ora algo um castigo tão brutal só seria ‘aplicável’ a alguém que tivesse cometido crimes bárbaros em sua vida anterior, com certeza um adulto cruel e impiedoso.
Nesse ponto eu penso: que deus covarde, sádico, assassino e canalha é esse que ao invés de punir um adulto criminoso, espera ele se tornar uma criança inocente e indefesa para submetê-la a mais cruel das torturas?
Depois, como pode um espírita ser tão vil e insensível para dizer aos pais dessa criança que ela mereceu tudo que recebeu?
Por fim, como julgar esses monstros que tão barbaramente assassinaram essa criança se eles foram apenas o instrumento de consecução da lei milenar de reencarnação?
Bem-vindo ao mundo dos espíritos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Estado nega pedido de família e autoriza transfusão de sangue em jovem testemunha de Jeová

19/11/2009 - 15h33
UOL Notícias

Maceió - Desde o último sábado (14), os médicos da Unidade de Emergência do Agreste, em Arapiraca (AL), vivem um dilema para salvar a vida de uma jovem de 18 anos que foi atropelada em Piaçabuçu, litoral sul do Estado. Adepta da religião Testemunhas de Jeová, a adolescente apresenta quadro de traumatismo craniano com perfuração e uma acentuada anemia.

Para os médicos da unidade, a conduta ideal seria a transfusão de sangue para estabilizar a pressão sanguínea. O problema é que os pais da jovem pediam para vetar o procedimento, alegando convicções religiosas.

Como o caso ganhou repercussão no Estado, a Secretaria de Estado de Saúde, mantedora da unidade, resolveu tomar uma decisão polêmica: determinou que os médicos adotassem os procedimentos necessários, independente do consentimento familiar.

Antes da decisão, a família chegou a encaminhar um medicamento que ajudaria o corpo da jovem a produzir sangue, substituindo a transfusão. Mas segundo os médicos, o remédio não teve o efeito desejado e o estado de saúde da paciente se agravou.

Em nota publicada na noite desta quarta-feira (18), a secretaria informa que, "em função do quadro clínico desta paciente adotará os procedimentos médicos necessários para assegurar sua evolução, mesmo que esta tenha que ser submetida a uma eventual transfusão sanguínea, alheia ou não à vontade da família".

Segundo o último boletim médico, a jovem segue internada em estado grave, mas estável. Em contato com o UOL Notícias nesta quinta-feira (19), o diretor administrativo da Unidade de Emergência, Paulo Roberto, não quis revelar se houve transfusão de sangue na paciente na noite de ontem ou na manhã de hoje, mas assegurou que a conduta médica indicada pelos profissionais está sendo cumprida à risca.

"Existe resolução do CFM [Conselho Federal de Medicina] liberando os médicos para transfusão em casos de risco iminente de morte. A paciente é maior de idade e só ela poderia decidir. Mas como ela está em coma, mesmo que exista um documento assinado por ela [como afirma a família], que até agora não nos foi apresentado, iríamos adotar as condutas médicas aconselhadas. Quando ela acordar, terá conhecimento dos procedimentos que foram realizados. Até lá, tudo será sigiloso", informou, citando que a Constituição "garante direito à vida independente da cor, raça, credo ou religião".

Família descarta ir à Justiça
A família da jovem não quis conversar com a imprensa, mas o ancião das testemunhas de Jeová em Arapiraca, Jailton Vieira, falou em nome dos parentes e explicou que a mãe da jovem não pensa em ingressar na Justiça para evitar ou mesmo processar os médicos e o hospital que realizaram a transfusão. "Nosso objetivo não é de ir ao confronto com juiz. Não levaremos o caso à Justiça em hipótese alguma. Se um juiz quiser obrigar, e o médico quiser fazer, é um problema deles. Mas nós temos direito de negar. Como ela está inconsciente, a mãe tem a tutela e informou que não permitiria a transfusão", explicou.

Vieira disse que existem tratamentos alternativos ao uso de sangue e que a jovem estaria respondendo bem ao remédio que lhe foi dado no hospital. "Nós defendemos a vida, mas dentro daquilo que é empregado por Deus. Nós não queremos morrer sem direito a um atendimento, tanto que existe uma comissão de integração com os hospitais, com mais de 60 médicos, que defendem tratamentos alternativos sem uso de sangue. Essa comissão enviou ao hospital a eritropoetina, substância que ajuda a medula a produzir hemácias. Ela está reagindo", defendeu.

Segundo Vieira, qualquer seguidor testemunha de Jeová deve carregar consigo uma declaração pedindo que não haver transfusão. "Nós [adeptos] assinamos essa declaração e portamos esse documento em nossas carteiras, que pede para que não se aplique sangue. Como foi um caso urgente, não sabemos se ela portava esse documento, mas a mãe já se manifestou", declarou o ancião, que acredita que a jovem é vítima de preconceito. "Se uma pessoa pedisse para não receber sangue, mas não fosse testemunha de Jeová, não teria essa repercussão".

Vieira afirmou ainda que a religião não aceita a transfusão por "preferir a palavra de Deus à palavra dos homens". "A Bíblia fala explicitamente da proibição do uso do sangue. Há trechos que falam explicitamente que os crentes não devem fazer uso do sangue, assim como devem evitar a idolatria e o sexo antes do casamento", finalizou.

Especialista critica tratamento alternativo
O médico hematologista e presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão, afirmou que a medicação levada pela família não substitui a transfusão. "De jeito nenhum. Esse remédio estimula a medula a produzir mais sangue, mas isso demora. E em uma paciente que está politraumatizada, o organismo não vai dar resposta", explicou.

Segundo ele, o médico de plantão na Unidade de Emergência no domingo chegou a ligar para ele e questionar o dilema. "Disse a ele: faça. Mas ele ficou receoso da pressão familiar e não fez. Mas na minha experiência de 24 anos como médico, já fiz várias vezes em pacientes graves, independente da família aceitar. Respeitamos a convicção religiosa, mas para nós, médicos, o que vale é salvar as vidas", afirmou.

Falando como representante da categoria, Galvão assegurou que o departamento jurídico do sindicato já foi acionado para defender o profissional que realizar o procedimento à revelia familiar. "Acredito que nenhum juiz do mundo condena médicos por isso", disse.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Corte de Direitos Humanos europeia determina retirada de crucifixos de escolas italianas

Estrasburgo e Roma - A Corte de Direitos Humanos da União Europeia, em Estrasburgo, determinou nesta terça-feira que as escolas italianas deverão remover os crucifixos presentes em sala de aula, em nome da liberdade religiosa dos alunos. Essa foi a primeira vez em que o tribunal se pronunciou sobre a presença de símbolos religiosos em colégios. A decisão desencadeou uma onda de reações de revolta no país. O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, tachou a sentença de "errada e míope", e disse que a recebeu com "choque e tristeza". A Itália vai recorrer da determinação.

Para o chanceler do país, Franco Frattini, a determinação da UE foi "um golpe mortal à Europa". E, segundo a ministra da Educação do país, Mariastella Gelmini, crucifixos nas paredes das escolas não significam "adesão ao catolicismo", mas são um símbolo da herança italiana.

- A história da Itália é marcada por símbolos, e, se os apagarmos, estaremos apagando parte de nós mesmos - disse a ministra. 

Mas que merda faz um crucifixo numa sala de aula? Ninguém está falando de tirar os símbolos religiosos das igrejas, onde têm o direito mais que constitucional de estar. Nem das fachadas (apesar de ferir o cidade limpa, não denunciarei ao Kassab).

Ora, lugar de crucifixo é no lugar de crucifixo.

Sou contra pessoas que não se comportam com respeito em um culto religioso. Sou contra pessoas que não se vestem decentemente dentro de uma igreja. Sou contra namorados abraçados e aos beijos em um templo. (Sim, pasmem, acho desrespeito).

A única coisa em que acredito é que não se pode impor ao cidadão, uma crença, mesmo que seja a da maioria. 

No mundo há hoje cerca de 2 bilhões de pessoas que não podem caminhar até sua igreja ou professar sua fé sem medo de serem humilhadas, espancadas, presas ou assassinadas. 

A origem dessa perseguição é justamente aquele que, ao invés de defender o cidadão, resolve fazer de uma decisão de foro íntimo uma obrigação pública. 

A defesa que as maiorias religiosas fazem da imposição de sua religião justifica a malfadada frase: 

"O sonho do dominado não é a liberdade, mas um dia dominar alguém"

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pai nosso que estás no céu...

Aldous Huxley escreveu um livro intrigante. As Portas da Percepção (The Doors of Perception, 1954) narra sua experiência com a mescalina, uma droga que, segundo sua descrição teria a capacidade de eliminar os filtros que o cérebro impõe a nossa percepção impedindo a passagem de todas as impressões e imagens que existem efetivamente.

O que realmente me intrigou no livro foi a clareza com que ele conseguiu enxergar certas coisas que por fazerem parte de nosso cotidiano passam a ser facilmente desprezadas por nosso cérebro limitador.

Uma dessas pequenas coisas foi sua crítica a oração maior do catolicismo, o pai-nosso.

Imagine-se diante de deus, vocês dois e apenas vocês dois. Você pode pedir algo a ele. Pode pedir qualquer coisa, que ele pode, sem nenhum esforço senão sua vontade, conceder. Você pode pedir qualquer coisa, e, ao invés de pedir, por exemplo, a sabedoria que lhe permitira compreender o universo enaltecendo sua obra máxima, ou a capacidade de exercer a plenitude de seu amor, você simplesmente pede: 

"o pão nosso de cada dia nos dai hoje" 

Ora faça-me um favor. É só isso? Imagino que um deus desapontado pensaria. Foi para isso que eu perdi meu tempo com essa criatura? Foi isso que eu escolhi para ser a minha imagem e semelhança? Este ser ridículo que vem diante de mim e, ao invés da compreensão do universo, pede "o pão nosso de cada dia"?

Mas, o pior mesmo ainda está por vir. Logo em seguida. Aquele que poderia libertar o homem de suas limitações, reais ou imaginárias, para que ele se tornasse tudo aquilo que seu criador imaginou, ouve um ser patético pedir bovinamente: 

"não nos deixei cair em tentação" 

Não nos deixe cair em tentação? Segundo o criador do pai-nosso, o homem diante de deus não procuraria se aproximar de seu criador, de merecê-lo, de exaltá-lo, de se mostrar digno dele. Procuraria apenas mostrar sua capacidade de auto-limitação e auto-anulação. Procura mostrar o quão insignificante ele consegue ser. 

É isso que deus espera ouvir do homem? Não de mim.

domingo, 1 de novembro de 2009

O surgimento do Zero

A geometria antiga dependia de alguns axiomas; ao contrário da geometria euclidiana e outras mais recentes, o ponto de partida do pensamento geométrico antigo não é uma rede de abstrações intelectuais, mas uma meditação dentro de uma unidade metafísica, seguida de uma tentativa de simbolizar através do visual a ordem pura que brotava através destas experiências divinas e incompreensíveis.

É esta aproximação com o divino que separa a geometria antiga (ou sagrada) da moderna (ou mundana). A geometria antiga começa pelo número um, enquanto a matemática moderna começa pelo número zero.

Antes de avançar até os muçulmanos, eu gostaria de falar mais um pouco sobre estes dois começos simbólicos: Um e Zero, porque eles proporcionam um exemplo fantástico de como os conceitos matemáticos nada mais são do que dinâmicas de pensamento, de estruturas e de ações.

Primeiramente, vamos considerar o zero, que é uma idéia relativamente recente na história do pensamento, apesar de estar tão integrado a nossos pensamentos que mal podemos conceber um mundo sem zero. As origens deste símbolo datam aproximadamente do século VIII depois de Cristo, quando aparecem os primeiros registros em textos matemáticos na Índia. É interessante notar que, paralelamente a estas anotações, florescia na Índia neste mesmo período uma Escola de Pensamento decorrente do hinduísmo (através de Shankhara) e do budismo (através do Navarana). Esta Escola tinha ênfase no objetivo de obter a transcendência através da meditação e escapar do Karma através da renúncia ao mundo material, até mesmo através da mortificação dos corpos físicos através do auto-flagelamento.

Este estado de Nirvana era atingido através do “nada”, um cancelamento total dos movimentos e dos pensamentos dentro da consciência concreta, um estado “zen”. Este aspecto de meditação era o objetivo máximo do desenvolvimento espiritual, a fusão com o “todo” e com o “nada” ao mesmo tempo.

Muitos consideram este período da historia indiana como um retrocesso, um declínio das tradições tântricas que pregavam a união e a harmonização do material e do espiritual.

Foi neste período da devoção ao “vazio” que o conceito do zero apareceu. O resultado disto foi uma manifestação tanto através de um nome específico quanto de um símbolo, tanto na matemática quanto na metafísica. Na matemática, ele acabou se tornando um número, com implicações que falarei mais adiante. Seu nome em sânscrito é “Sunya”, que significa “vazio”.

Até então, como as pessoas se viravam sem o zero?

Na Antiga babilônia, Egito, Grécia e Roma, eram utilizados símbolos que representavam quantidades, como por exemplo, I, V, X, L, C, D e M. Em valores como 1005 (MV) ou 203 (CCIII), não havia a necessidade de um zero pois os numerais eram formados por “caixinhas” que representavam uma determinada quantidade de elementos. V melancias eram 5 melancias… XII camelos eram 12 camelos e ninguém questionava os números. O conceito de “zero” camelos era marcado com um símbolo parecido com duas barras paralelas [ // ] mas existia apenas como resultado de contas, por exemplo XII – XII = // representando “todos os camelos foram vendidos”.

Mas anotar um carregamento vazio é muito diferente de tratar o zero como uma entidade tangível. Aristóteles e outros matemáticos discutiram o conceito do zero filosoficamente, mas a matemática grega, fortificada pelas influências pitagóricas vindas do Egito, recusavam-se a incorporar o zero em seu sistema.

E chegamos aos muçulmanos…

Os árabes, que do século VI ao XIV funcionaram como os grandes transmissores do conhecimento do oriente para o ocidente, trouxeram com eles o conceito do zero, além de nove outros números que também haviam sido desenvolvidos na Índia. Os números, como os conhecemos, são baseados nos ângulos formados entre os traços, como na figura abaixo:

O responsável pela transformação dos números indianos em arábicos foi o matemático e alquimista Al-Khwrizmi, cujas obras serviram de base para os trabalhos do ocultista, astrólogo, alquimista e matemático chamado Al-Gorisma (da onde vem a palavra Algoritmo), que trouxe estes numerais para os acampamentos árabes na Espanha. Seus trabalhos foram traduzidos para o latim por volta do século XII. Gradualmente, este sistema “árabe” foi introduzido na Europa e começou a alavancar progressos na ciência e no pensamento filosófico. A mente menos mística e mais prática dos comerciantes árabes transformou o conceito espiritual do zero em algo que poderia ter aplicações práticas para facilitar os cálculos, especialmente envolvendo números grandes ou cheios de colunas vazias, como 155.521.972 ou 4.815.162.342 ou 2012, por exemplo.

Silvestre II (que foi papa de 999 a 1003), inventor do relógio mecânico, bem que tentou introduzir os algarismos na Europa, mas foi severamente reprimido e, após sua morte, seus sucessores papais consideravam o zero como sendo o “número do diabo” e mantiveram os números romanos como oficiais até meados do século XII. Apenas com a força dos comerciantes, que achavam o zero muito prático para fazer contas, é que seu uso foi definitivamente implementado na Europa.

As conseqüências para a ciência foram enormes, especialmente na aritmética. Até aquele momento, as adições de números necessariamente resultavam em números maiores que os originais. A partir do zero, chegava-se a operações como
3 + 0 = 3
3 – 0 = 3
30 = 3 x 10

Até que alguém chegou a 0 – 3 = -3… MENOS TRÊS ?!?!?

O que poderia significar aquilo? A lógica começava a quebrar. Matemáticos, rosacruzes e alquimistas se reuniram ao redor desta incrível curiosidade. Apesar de não fazer sentido no mundo real, estes “números negativos” tinham toda uma coerência dentro do sistema e despertaram uma nova gama de artifícios. Estes números eram chamados originalmente de “números espirituais”, pois não poderiam ser verificados materialmente, apesar de seus efeitos serem sentidos dentro da aritmética.

A matemática, que até então estava associada à forma e à geometria, passava a se tornar algo abstrato, mental. Originalmente, o impulso espiritual dos hindus não permitiu que o zero ficasse no início das contagens, então nos textos antigos, o zero é sempre colocado após o nove.

Somente no século XVI, quase na Era da Razão, é que o zero foi finalmente colocado antes do um.
A partir destes conceitos, foram desenvolvidos os números irracionais (como a raiz de dois, que até então era considerado um número mágico usado na geometria sagrada), logaritmos e finalmente os números imaginários (a raiz quadrada de um número negativo), números complexos (um número real adicionado a um número imaginário) e finalmente números literais (substituir números por letras).

Não apenas o zero se tornou indispensável para nossas vidas como seu uso transformou a maneira como vemos a natureza e nossas atitudes a respeito de nós mesmo. Originalmente, o zero representava o vazio (Sunya) mas foi traduzido para o latim como Chiffra (que significava “nada”), mas os conceitos intrínsecos do “vazio” hindu/zen é muito diferente do conceito materialista de “nada”. Naquele período, a palavra “Maya” em sânscrito passou de seu conceito original “véu que divide a realidade” para “ilusão” ou o aspecto ilusório do Plano Material. Durante o materialismo da matemática na Revolução Industrial, o zero tornou-se um objeto material e o Plano Espiritual tornou-se “ilusório”.

A mente racionalista começou a negar o conceito espiritual da unidade. A unidade perdeu sua posição para o zero e o advento do zero permitiu a extrapolação para as bases do ateísmo, ou “zero Deus”, a negação do espiritual.

A noção do zero também teve um efeito em nossos conceitos. Idéias como a finalidade da morte ou o medo da morte, e todas as filosofias baseadas na não-existência após a morte devem sua origem ao zero.

sábado, 31 de outubro de 2009

Hipocrisia pura?

Quantos dos pais que defendem o ensino religioso nas escolas públicas, se este não fosse permitido, matriculariam os filhos em um curso de religião fora da escola, da mesma forma que fazem com cursos de inglês, judô ou balé?

Pura hipocrisia.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

16 erros comuns sobre ateus

O texto a seguir foi traduzido do Way of the Mind.
  1. Ateus odeiam cristãos e o cristianismo: não, não odiamos. Ateus em geral odeiam as atrocidades cometidas em nome da religião, a desonestidade da maioria delas e a forma como encorajam as pessoas a não pensar ou questionar, e a não acreditar nem usar suas cabeças. Mas daí a odiar cristãos há uma longa distância.
  2. Muitos ateus foram cristãos e deixaram de acreditar por causa de alguma experiência ruim com outros cristãos: errado. Para a maioria não foi necessária uma má experiência. Apenas começamos a questionar, a imaginar o que aconteceria se aplicássemos os padrões da lógica, razão e provas à religião da mesma forma que aplicamos em qualquer coisa nas nossas vidas.
  3. Ateus não tem nenhum senso de moral, já que a moral vem de deus: o velho argumento “sem medo do inferno, não há nada que impeça as pessoas de se transformarem em monstros sangüinários”. Pode ser uma surpresa para a maioria dos cristãos, mas existem razões para ser “bom” além do medo da punição – o que não é bem uma razão e mostra apenas como os cristãos estão sob uma luz ruim. Razões como empatia com outros humanos, sentimentos genuínos dedicados a outros e, o mais importante, princípios racionais. Ser bem comportado apenas porque papai vai te espancar não faz de você uma criança boa.
  4. Os ateus são um grupo unificado, como uma igreja: somos? Eu diria que os ateus são mais diversos livres e independentes que os cristãos, porque somos menos parecidos com ovelhas e não aceitamos as coisas baseados na fé ou vindas de autoridades.
  5. Os ateus sabem, lá no fundo, que existe um Deus, já que isso é perfeitamente óbvio; eles são apenas muito orgulhosos e arrogantes para admitir a existência de alguma coisa maior que eles mesmos: não exatamente. A existência de Deus é óbvia apenas se você sofreu lavagem cerebral (por outros e por sua própria irracionalidade). Nós estamos realmente convencidos de que não existe um Deus.
  6. Ateus não sabem nada sobre o Cristianismo: de novo, não. Alguns ateus provavelmente sabem mais sobre o assunto que outros. No entanto, a religião é tão ubíqua que, goste ou não, todos nós temos graus diversos de contato com ela, com suas crenças. Além disso, muitos ateus são naturalmente curiosos. A maioria dos ateus já leu os livros religiosos, alguns mais de uma vez. Agora, caro crente, pergunte a si mesmo quantos livros, revistas ou ensaios ateus você já leu. Oh, esqueci, tudo é obra de Satanás.
  7. A vida dos ateus é fria e vazia, já que eles não podem sentir a alegria e o amor que vem apenas de Deus: eu jamais me chamaria de frio ou vazio. Tenho as alegrias da amizade, amor, família e de fazer as coisas que amo. E sou auto-suficiente, diferente de qualquer um que diga “não sei como se pode viver sem Deus” – como muitos crentes dizem.
  8. Os ateus são depressivos e niilistas, já que eles acreditam que não há nada depois da morte e, por isso, não há motivo para nada: muito pelo contrário. Nós, diferentemente de vocês, sabemos o quão preciosa é a vida, porque sabemos que é a única. E, isso pode ser um choque para vocês, podemos amar nossas vidas, sentir alegria de estar vivos, porque não acreditamos que este é “um mundo do diabo”, ou que “tudo é um teste antes da coisa real”. A vida é preciosa e é nossa, não de um deus qualquer.
  9. Os ateus são frios e pouco carinhosos: não, não somos. Ter ilusões não faz de ninguém mais carinhoso. E, de novo, tratamos a vida como preciosa e fazemos o possível para melhorá-la, tanto as nossas quanto as de quem amamos. Por outro lado, muitos cristãos acreditam que a vida é sofrimento e que não há nada que se possa fazer a respeito.
  10. Ateus são arrogantes: não. Apenas ousamos usar nossas mentes no lugar de perguntar “quem somos nós para saber?”. Não somos arrogantes porque não nos considerarmos os escolhidos. Não somos arrogantes porque não ditamos regras de conduta. Não somos arrogantes porque não segregamos quem pensa diferente de nós. Não, não somos arrogantes.
  11. Os ateus querem escapar da adoração religiosa: errado. Apenas não queremos sofrer com ela. Se você deseja acreditar em Deus, Jesus, Papai Noel ou na Fada do Dente, acredite. Quer ensinar nossas crianças a fazer o mesmo? Sinto pena delas, mas levará muitos anos até que as pessoas percebam que, em matéria de razão, as crianças são tão incapacitadas quanto são as asas de um pequeno pássaro. Quer dar seu dinheiro para um cara com uma BMW e um corte de cabelo horrível? Tudo bem. Mas não tente me salvar, não me incomode no meio da rua ou em casa, não consiga políticos que formulem leis para dar mais poder a vocês, não tentem ensinar religião nas aulas de ciência ao rebatizá-la e classificá-la como “ciência” e não usem o dinheiro dos meus impostos para escrever suas idiotices em locais públicos. Em resumo, façam como quiser, desde que fique entre vocês – da mesma forma que não saio por aí tentando “desconverter” ninguém.
  12. Os ateus são incapazes de sentir prazer nas coisas simples, como um lindo pôr-do-sol, já que eles veem tudo sob a ótica da frieza da ciência, sem pensar que tudo é milagre: desnudando o arco-íris – a ideia de que beleza e poesia existem apenas se sabemos pouco ou nada de como as coisas funcionam. Mas eu pergunto: o fato de saber sobre astronomia, física e luz diminui a beleza do pôr-do-sol? Ele é bonito apenas porque parece “mágico” ou “um ato de Deus” para vocês?
  13. Os ateus vivem em constante medo da morte: poucas pessoas realmente querem morrer, apenas os ao mesmo tempo deprimidos e suicidas e os cristãos que acreditam que o mundo é um trabalho do demônio e rezam “por favor, Senhor, leve-me”. O medo da morte é perfeitamente natural. E também acreditamos que esta é “a vida”, o que nos faz tratá-la como uma preciosidade. Além disso, não acreditamos que depois de mortos podemos ir para um lugar em que queimaremos e seremos torturados pela eternidade.
  14. A maioria dos criminosos é de ateus (ou, a percentagem de ateus dentre os criminosos é mais alta que na população em geral): por incrível que pareça, a verdade é exatamente o oposto. Ateus são minoria, mesmo em número relativos comparados à sociedade, em qualquer sistema prisional.
  15. Os ateus são burros e de “cabeça fechada”: pergunte a qualquer crente o que o convenceria do erro e o persuadiria a deixar a religião e se tornar um ateu. Se você obtiver uma resposta, será quase sempre “nada, eu tenho fé em Deus”. Embora essas pessoas possam existir, ainda não encontrei um teísta que pudesse reconhecer a possibilidade de que sua crença esteja errada. Muitos teístas, por admissão própria, estruturam sua crença de uma forma que nenhuma evidência possa dizer o contrário. Os ateus, por outro lado, são fáceis de convencer – só o que é preciso é que Deus apareça de forma incontestável, digamos, por exemplo, fazendo qualquer coisa que ele tenha feito no Antigo Testamento.
  16. Os ateus são maus pais: de novo, existem bons e maus pais ateus e bons e maus pais crentes. Os pais ateus, no entanto, jamais fariam o que Abraão quase fez com o filho Isaque (e os cristãos louvam seu ato), porque, para a maioria dos ateus, a vida é nossa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Os caminhos de um ateu

Eu vejo o ateu como uma pessoa com inteligência acima da média, que tem entre 16 e 40 anos e curiosidade que em muito alarga sua cultura. Esta pessoa foi alimentada com bizarrices durante toda a sua vida: falaram para ele na escola que um sujeito colocou dois animais de cada espécie em um barquinho durante 40 dias para escapar da chuva, falaram que Deus criou o mundo em 7 dias, que a Terra tem 6.000 anos de idade, que uma torre desmoronando era a responsável pelas línguas da Terra e por ai vai… e que tudo isso era “a palavra de Deus”. Mais tarde, jogam na nossa cara um Jesus-Apolo com uma história toda picotada e incompreensível e dizem que “ele morreu pelos nossos pecados” ou “morreu para nos salvar”. E pior, que se não acreditarmos nele, este deus bondoso e magnânimo nos lançará nas profundezas do inferno para sermos torturados pela ETERNIDADE.

Qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência e cultura vai começar a questionar tudo isso.

As pessoas mais velhas, por terem passado 30… 40 anos ouvindo estas histórias em um período sem troca de informações (não havia internet) e onde a dominação educacional, moral e dogmática era MUITO mais pesada do que a nossa certamente terão muito mais dificuldades em largarem este pensamento. Temos de ter paciência e compreender a posição deles: eles nunca tiveram acesso ao conhecimento “oculto”.

Os mais jovens passam pelo estágio da negação: tendo uma inteligência acima da média, escutam essas coisas e assistem ao show de horrores e injustiças que é a cultura do dízimo e pensam “que merda é essa? Isso não pode ser sério!” e passam a se considerar ateus.

É o que eu considero um “ateu estágio 1”. A criação do não-Deus como resposta aos absurdos das Igrejas caça-níqueis. A imensa maioria das pessoas que eu conheço e que se denomina “ateu” começou nesta posição.

A partir deste estágio, a pessoa pode tomar três caminhos:

O primeiro é o das pessoas que adquirem uma revolta interior tão grande assumindo uma forma mais agressiva de contestar esta religião, abraçando qualquer outra coisa que lhe apresentem apenas como resposta direta aos ataques dos crentes… O problema com isso é que estas pessoas geralmente são manipuladas por iniciados para servirem de gado energético com seus “rituais satânicos” disponíveis na internet ou montam a sua “religião do não-deus católico” e saem por ai pregando. Esse pessoal, que costumamos chamar de “satanistas de orkut“, leram meia dúzia de livros do Aleister Crowley, não têm a menor ideia de como a ritualística funciona e geralmente são vampirizados e usados como baterias energéticas para iniciados de verdade das Fraternidades Negras.

O segundo caminho é o dos preguiçosos mentais, que decidem parar seu ceticismo por aí. Decidem que “todas as religiões são iguais, não preciso estudar nenhuma, ninguém presta, são todos picaretas e são todas iguais” e normalmente pensam o mesmo das ciências ocultas, fazendo uma mistureba com os charlatões, videntes e afins. Eles normalmente consideram efeitos espirituais como fraudes, mas nunca se deram ao trabalho de buscar pessoalmente qualquer tipo de comprovação, seja para sim, seja para não. Desta categoria surgem os fanáticos-céticos.

A terceira categoria é a que eu respeito. Os buscadores céticos, independentemente de suas (des)crenças, estudam as outras religiões e filosofias (e por estudar não quero dizer “fuçaram na wikipedia”) e entendem os princípios de suas filosofias e doutrinas, chegando até mesmo a absorver e comparar seus ensinamentos sem se deter nos dogmas impostos (Não mentir, não roubar, não matar, ter ética…). Eventualmente podem chegar à fatal conclusão de que o conceito de deus, seja lá de que religião for, é auto-contraditório, mas isso não os impede de continuar estudando e até respeitando quem ainda não chegou neste estágio.

Eventualmente ele pode encontrar uma filosofia que lhe sirva, ou continuará uma eterna busca. O mesmo vale quanto aos “fenômenos sobrenaturais”. Eu acredito que não existe nada “sobrenatural”; existem apenas coisas “naturais” que a ciência não teve tempo para explicar ainda. Incluindo espíritos e magia.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O perdão nas religiões

Dar a outra face é a exceção pregada pelo cristianismo. Desde a mais tenra antiguidade, as religiões não apenas amparam como incentivam a vingança desproporcional ao agravo. O Velho Testamento é repleto de passagens do tipo "olho por olho".  Mesmo antes de Moisés, pode-se ler: "Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem,  e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.(Gênesis 9:5). A vingança é uma característica marcante, a forma ideal de resolver os problemas pessoais.

Nenhuma passagem é tão constrangedora quanto aquela em que o profeta Eliseu é chamado de "careca" por um grupo de crianças e, em resposta, manda dois ursos sairem da floresta e despedaçarem 42 criancinhas (2 Reis 2:23-24). Deve ser o único caso registrado em que uma peruca teria evitado uma carnificina.  

Há algumas boas intenções. Ao mesmo tempo que tentou limitar o dano causado, para evitar que uma série de ações violentas escalassem rapidamente e saíssem do controle, a famosa lei de talião, que merece vários destaques na Bíblia (Êxodo 21:22-25, Levitico 24:19–21 e Deuteronômio 19:21), acabou por institucionalizar a vingança como ação justificável até nossos dias. 

Foi limite o que faltou a Teodora, esposa do imperador Justiniano, que convidou a população para um espetáculo no estádio onde mandou degolar 30 mil pessoas por insurreição. Mesmo assim, o desmedido massacre não impediu que ela fosse canonizada pela Igreja Católica Ortodoxa. 

Em tese toda religião prega o perdão. Em todas elas o perdão aparece como uma proposta acima das propostas, e ali fica. No transcorrer dos textos, das normas, das regras ele fica esquecido, trocado pelo mais vil dos sentimentos. Afinal, o ódio conquista mais que a paixão.

Judeus que matam islâmicos que matam judeus que matam islâmicos têm no Yom Kippur o mais importante de seus feriados. O chamado Dia do Perdão é conhecido como o "sábado dos sábados".  Vão todos às sinagogas, leem o livro de Jonas, tocam o shofar para despertar os valores morais e espirituais. É o dia de judeus perdoarem seus inimigos, certo? Errado! De acordo com o Talmud, a celebração do Yom Kippur pode purificar somente os pecados entre o homem e deus. Os outros que se danem. Patético...

Como instituição, a religião é má conselheira. As guerras religiosas são sempre as mais inexplicáveis, duradouras e cruéis da história humana. Paradoxalmente aquela que deveria dar conforto ao homem e ajudá-lo a alcançar a sabedoria necessária para entender a origem do desejo de vingança e aprender a domá-lo, nos inunda com exemplos da mais gratuita crueldade como receita para apaziguar o espírito.

Eu prefiro os versos escritos há 25 séculos pelo poeta grego Ésquilo: 

"Enquanto dormimos
a dor que não se dissipa 
cai gota a gota sobre nosso coração
até que, em meio ao nosso desespero
e contra nossa vontade
apenas pela graça divina
vem a sabedoria"  

Dentro da religião, no ápice de nosso sofrimento só nos cabe contar com uma última reflexão:

Pai, perdoai-os, porque, se eu puder, eu cubro de porrada.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um asteroide está em rota de colisão com a Terra

LONDRES (Reuters): Um asteroide está em rota de colisão com a Terra e você tem uma hora de vida. O que você faria com seus últimos 60 minutos? 

A pergunta foi feita pela Ziji Publishing para marcar o lançamento do livro “Cloud Cuckoo Land”, estréia do escritor Steven Sivell, que “usa a clássica premissa de uma inevitável colisão de um meteoro como uma metáfora para ameaças à raça humana”.

Sem grandes surpresas, a maioria dos questionados – 54 por cento – disse que passaria seus últimos momentos com seus parentes e amigos queridos, pessoalmente ou por telefone.

A pesquisa, entretanto, revelou uma grande onda hedonista – 13 por cento dos entrevistados sentariam e esperariam o inevitável com uma taça de champanhe.

Sexo seria a opção de cerca de nove por cento, três por cento rezariam, enquanto dois por cento disseram que comeriam algum alimento rico em gordura.

Esse resultado me faz pensar: 3% rezariam. Quase tanta gente correria para a igreja quanto para um McDonald's.

Nada como o fim do mundo para a trazer à tona o que existe de melhor no íntimo das pessoas.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Astrologia não é ciência

Eu era gêmeos, mas dava tudo errado, aí eu mudei... (Domésticas, o Filme) 

A astrologia é mãe da astronomia. Até a Era Moderna eram praticamente indistinguíveis. Teve importante papel na formação das culturas, e sua influência é encontrada em todas as religiões antigas e em várias disciplinas através da história. A astrologia nasceu junto com a matemática e, por isso, talvez tenha assumido um caráter científico, o qual nunca teve.

A característica fundamental da ciência é basear-se na observação da natureza e na experimentação. Os efeitos das posições dos planetas e da Lua em qualquer pessoa na Terra nunca foram demonstrados em qualquer estudo sistemático. Nas últimas décadas vários cientistas testaram as previsões da astrologia e comprovaram que não há resultados.

Um teste duplo-cego da astrologia foi executado pelo físico Shawn Carlson, do Lawrence Berkeley Laboratory, Universidade da Califórnia. Grupos de voluntários forneceram informações para que uma organização astrológica bem estabelecida produzisse um horóscopo completo da pessoa, que também preenchia um questionário de personalidade completo, pré-estabelecido de comum acordo com os astrólogos.

A organização astrológica que calculava o horóscopo completo da pessoa, juntamente com 28 astrólogos profissionais que tinham aprovado o procedimento antecipadamente, selecionavam entre três questionários de personalidade aquele que correspondia a um horóscopo calculado. Como havia 3 questionários e um horóscopo, a chance de acerto aleatório é de 1/3 = 33%.

Os astrólogos tinham previsto antecipadamente que a taxa de acerto deveria ser maior do que 50%, mas, em 116 testes, a taxa de acerto foi de 34%, ou seja, a esperada para escolha ao acaso! Os resultados foram publicados no artigo A Double Blind Test of Astrology, S. Carlson, 1985, Nature, Vol. 318, p. 419.

Porque então, mais da metade das pessoa acredita em astrologia.?

A resposta recai sobre o processo de auto-engano a que se submetem as pessoas. Imagine que você consulte um astrólogo buscando acertar o resultado em um jogo com 10% de chance de acerto Se o astrólogo erra, qual sua sensação? Frustração com a astrologia? Não, frustração com o astrólogo, e logo você consulta outro, e outro, até que um acerta. Ora, não precisa ser estatístico para descobrir que, cedo ou tarde, ou em média na décima consulta, um astrólogo acerta.

Qual sua sensação agora? Total confiança no astrólogo e na astrologia. Todas as frustrações passadas são creditadas aos astrólogos e o sucesso casual presente a astrologia.

Por isso quem riu da frase a protagonista do filme, que tome cuidado, pois pode estar fazendo a mesma coisa.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fabriqué en France

Quando o presidente Lula deu prioridade à compra dos caças Rafalle, pelo compromisso assumido pelo governo francês de transferir toda a tecnologia envolvida, eu me lembrei de outro produto onde, com muito sucesso, recebemos toda a tecnologia desenvolvida na França para continuarmos o desenvolvimento aqui no Brasil e logo nos tornarmos lideres mundiais.

O produto em questão não foi armamento do ponta, foi o espiritismo.

Criado na França por Alan Kadec, o espiritismo conseguiu a proeza de mesclar a caridade do Catolicismo primitivo, as reencarnações do Budismo, o evolucionismo de Darwin, além de uma batelada de credos esotéricos que estavam na moda nos sec. XIX.

Esse verdadeiro "samba do crioulo doido" não pegou na terra do iluminismo. Talvez pelo bom nível da educação, Também não pegou nas terras da America do Norte, talvez porque os shows de mágica abusando de pirotecnia e eletrotecnia eram muito mais interessantes. O espiritismo precisava de espíritos um pouco menos evoluídos para se fixar. Ai entramos nós. Compramos o pacote com total transferência de tecnologia e hoje somos a maior nação espírita do mundo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Calendário

Quem quer que já tenha trabalhado com planejamento, conhece o problema. Alguns meses tem 30 dias, outros tem 31 e um outro tem 28 ou 29. Não bastasse isso, dependendo do ano, esses meses podem ter de 15 até 24 dias úteis.

Imagine uma empresa comparando as vendas de dois meses diferentes.

Esse tipo de problema incitou, no final do séc XVIII, muitas propostas de reforma do calendário. A mais interessante foi o chamado calendário positivista., elaborado em 1848, pelo filósofo francês Auguste Comte.

Sua idéia era bastante simples:
- Um ano normal tem 365 dias
- O primeiro dia de cada ano seria um dia especial, fora de qualquer mês e fora dos dias da semana.
- Sobrariam 364
- Dividindo-se esses 364 em 13 meses teríamos exatos 28 dias em cada més.
- Os anos bissextos teriam um dia adicional, fora desses meses.

O interessante é que como 28 é múltiplo de 7, todo mês começaria no mesmo dia da semana. Assim, todo dia 1º seria uma segunda feira, todo dia 19, por exemplo, seria uma sexta-feira..

Imagine as consequências. Você saberia exatamente em que dia da semana cai qualquer data. Todos os meses teriam o mesmo número de dias correntes e o mesmo número de dias úteis.

A novidade desagradou a Igreja, detentora do tradicional calendário gregoriano que viria a se tornar no calendário universal (muita pretensão acreditar que o universo segue um calendário terrestre). Os supersticiosos abominaram a ideia de um ano com treze meses. No fim das contas, a principal razão para a rejeição parece ter sido a insistência em nomear os meses homenageando personalidades históricas, como Homero ou Shakespeare. Os nomes de deuses pagãos e imperadores romanos já havia caído no gosto popular.

Não se sabe se ajudada pelo lobby dos fabricantes de 'folhinhas', a proposta foi rejeitada.

domingo, 11 de outubro de 2009

O Neandertal, a discriminação e a religião

Nosso planeta existe há algo como 4.7 bilhões de anos e o homem em sua forma primitiva vive nele há dois milhões de anos. Porém, somente há cerca de 70.000 anos é que o ser humano começou a sepultar os seus mortos, demonstrando o inicio de práticas rituais.

Os Neandertais enterravam seus defuntos do sexo masculino com alguns utensílios considerados necessários na outra vida. Esta crença na vida para além da morte, um embrião do que viriam a ser as religiões, principiava por estabelecer uma forte discriminação entre os sexos, pois são poucos os vestígios que o homem de Neardental enterrasse também as mulheres com os referidos utensílios.

Se a mulher foi inferiorizada desde a origem do ser humano por um ambiente inóspito que privilegiava a força e punia a maternidade, as religiões cumpriram seu importante papel de perpetuar o que existiu de pior nos homens. O que ocorre episodicamente de pior na vida social e cultural, logo é apropriado pela religião, com um agravante, esse pior nunca mais será abandonado.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O mito de Maria

O mito de Maria é um dos mais difundidos entre as religiões. O mito do deus que nasce de uma virgem já havia aparecido em Horus, Krishna, Dioníso, Zoroastro, Mitra e outros, assumindo o ápice com Jesus.

Mas de que forma esse mito acabou por repercutir no imaginário das meninas adolescentes?

No cristianismo, o mito de Maria fecha o ciclo iniciado com o pecado original, no qual Eva sugeriu a Adão pecar, passando por todas as submissas mulheres bíblicas, até chegar à mãe pura, aquela que foi mãe sem cometer o pecado original. Se Eva lançava todas as mulheres na vala comum de fonte do maior dos pecados, Maria surgia como esperança de redenção e exemplo para todas as mulheres.

De todos os arquétipos femininos, o de Maria vem a ser o mais cruel de todos, uma vez que interfere diretamente na relação de prazer da mulher com o mundo. O modelo da mãe de Jesus é o da mulher que foi mãe de forma assexuada. Ou seja, não pecou, não sentiu prazer sexual.

As meninas educadas sob a moral cristã encaram sua sexualidade de forma comprometida e distorcida. O modelo de sexualidade oferecido não corresponde à realidade de sentimento das meninas. Elas crescem reprimindo sua libido, compensando desejos "pecaminosos" com atividades pueris e sublimando qualquer possibilidade de prazer.

Através do mito de Maria, o prazer da mulher foi definitivamente relacionado às condutas mais reprováveis carregadas de adjetivos pejorativos. Imagino a dificuldade para as mulheres que buscam seu prazer não conflitarem no seu âmago psicológico o medo de se tornarem prostitutas, vagabundas, vadias etc..

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

1 + 1 = 2

O Brasil é um país único. Um extraterrestre que visitasse nosso planeta, pousando sua nave neste país continental, por certo teria grandes dificuldades para compreender uma nação com tantos e cruéis contrastes. 

Por aqui convivem, lado a lado, o desenvolvimento da Suécia com a miséria do Gabão. Convivem, lado a lado, o país que exporta aviões a jato para as mais desenvolvidas potências, e o país do trabalho infantil, da subsistência, da miséria.

Paliativos à parte, afinal estamos cansados de assistencialismo, sabemos que só a educação pode reduzir o imenso abismo entre ricos e pobres verificado neste país. Seja no campo público, como no privado, um país é administrado por sua elite, aquilo que ele tem de melhor. Porém, essas elites tendem a se perpetuar gerando todas as mazelas que tão bem conhecemos. Aí entra o papel da educação. Só a educação pode formar novas elites, mais preparadas e mais aptas para aproveitar e oferecer novas oportunidades. A educação é o mais efetivo, senão o único, instrumento de mobilidade social. É o que a história recente ensina.

Se recursos suficientes forem aplicados corretamente, educar um país toma duas gerações, algo de 30 a 50 anos. Um tempo inadmissível. Um tempo que não temos. Mas é o tempo que vamos levar. Foi esse o tempo que levou a Coreia. Vai ser esse o tempo que levará a China.

Analisar as duas últimas postagens dentro deste contexto leva a uma conclusão simples e aterradora. Ninguém liga para a presente situação da educação no país, tampouco para seu papel em nosso futuro. Enquanto todos os esforços deveriam estar concentrados numa saga obstinada de trazer a excelência à educação do país, o que vemos são preocupações difusas de usar a escola como simples ferramenta política.

Pergunto, é função da escola pública empenhar recursos materiais, financeiros e humanos, comprometendo a situação já calamitosa do ensino, para ministrar aulas de religião que de prático servem apenas para selar o apoio da Igreja ao governo?

A resposta não é tão difícil.

Brasil é penúltimo em desempenho escolar

A UNESCO e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgaram a pesquisa denominada Literacy Skills for the World of Tomorrow, colocando o Brasil como o penúltimo, dentre 41 países, no quesito desempenho escolar.

A pesquisa enfocou os estudantes na faixa etária de 15 anos. Computados os resultados, nossos estudantes ficaram com o penúltimo desempenho nas áreas de matemática e ciências, e em 37º em leitura. Quando se apurou a média do conjunto das três disciplinas, o Brasil ficou em penúltimo lugar, ultrapassando apenas o Peru.

Em matemática e em ciências, os países que obtiveram as melhores posições foram Hong Kong e Coreia do Sul respectivamente. Em leitura, a Finlândia ocupou o primeiro lugar. 

É importante destacar que há cerca de 40 anos, o Brasil figurava numa posição similar a da Coreia, com níveis de desenvolvimento econômico e social semelhantes. Mas graças às mazelas de nossas elites dirigentes, fomos ficando para trás, cada vez mais para trás, bem mais para trás. Ao ponto em que, enquanto a Coreia ultrapassa importantes países como Japão, Reino Unido, Estados Unidos, França, Suíça e Alemanha; o Brasil consegue ser superado nesta corrida até mesmo pelos vizinhos de continente: México, Chile e Argentina.

(A pesquisa foi realizada em 2007)

Senado aprova acordo com Vaticano que consolida ensino religioso no Brasil

Tratado concede imunidade tributária à Igreja e reforça ensino religioso

O plenário do Senado aprovou há pouco a ratificação do acordo que cria o novo Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil. Assinado em novembro do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o papa Bento 16, o tratado reconhece, dentre outras coisas, “a importância do ensino religioso” no país.

O texto de 20 artigos consolida condutas e procedimentos já adotados pela Igreja Católica no país, como o casamento religioso e a imunidade tributária de paróquias, dioceses e arquidioceses, concedendo segurança jurídica a esses atos ou situações.
 

Na íntegra: Última Instância

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Budismo

As única coisa que posso dizer do budismo é que é a única religião ateia (strictu sensu).

Apesar do budismo não negar a existência de seres sobrenaturais (de fato, há muitas referências nas escrituras budistas), ele não confere nenhum poder especial de criação, salvação ou julgamento a esses seres, não compartilhando da noção de Deus comum à maioria das religiões.

Assim talvez isso explique porque uma camada mais educada (leia-se os rich & famous de Hollywood) acabe optando pelo budismo. É uma forma de ateísmo light. São os que já não conseguem acreditar em um deus, mas também não tem coragem de assumir seu ateísmo.

A droga do budismo é a visão que tem do mundo demonstrada nas 4 verdades:
- A vida é sofrimento.
- O desejo é a origem do sofrimento.
- O fim do desejo leva ao fim do sofrimento
- A prática do nobre caminho leva ao fim do desejo

Bem, claro que essa bobagem toda não se aplica a Brad Pitt. Eu queria ver alguém explicar pra ele que a vida é sofrimento.

E isso piora quando entra a reencarnação, que no budismo acontece sem uma alma passando de corpo para corpo. Apenas cada homem colhe os frutos de suas vidas passadas.

Nietzsche foi muito feliz ao mostrar que o budismo como cristianismo formam "as duas religiões da decadência, da debilidade da vida; do envelhecimento da civilização e da renúncia. O desejo de 'não querer' ou o desejo que quer o nada", pregando a anulação do ser humano no que ele tem de melhor, sua capacidade de ser humano, racional, passional.

No final das contas "como acreditar que um gordão de 300 quilos pode ensinar auto-controle para alguém?"

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Lavagem cerebral, quando começa?

Todos nós temos a clara noção que, enquanto somos crianças, estamos livres da pressão religiosa que só começaria por volta dos 7 ou 8 anos com a catequese.
 
Será?

 
Então porque quando chegamos nessa idade aceitamos tão facilmente a ideia do sobrenatural? Será que não fomos preparados e bem recompensados desde pequenos para acreditar?

 
A resposta pode estar em mais duas perguntas bem simples:

 
Que mitos sobrenaturais são repetidamente ensinados às crianças pequenas para mais tarde serem substituídos pelo nascimento e ressurreição do salvador?

 
E com que idade as crianças deixam de acreditar nesses mitos?

 
Até os sete anos as crianças têm dificuldade em entender os conceitos de nascimento e morte, ainda mais um nascimento a partir de uma virgem (aaaargh) e uma morte seguida de ressurreição (aaargh). Papai noel e coelho da páscoa nada mais são que duas estratégias muito eficientes para introduzir na cabeça das crianças ritos e cultos sobrenaturais que ela não entenderia naturalmente, mas que aceita através de recompensas.
Porque crianças entendem presentes e chocolate.

 
Desde pequenas as crianças passam a acreditar que nessas datas seres mágicos trazem coisas boas e gostosas. Elas são induzidas a aceitar o sobrenatural. Os pais repetem o experimento de Pavlov com seus filhos. Se você acreditar no natal  ganha uma bicicleta, se acreditar na páscoa ganha um chocolate...

 
O mais interessante é que as crianças deixam de acreditar em papai noel e coelho da páscoa justamente na idade que começam a tomar contato com a religião. É aos 7 ou 8 anos que as crianças passam a receber treinamento religioso formal.

 
As ideias religiosas continuam absurdas, mas aí a cabeça delas já esta prontinha. É só trocar as figuras. Papai noel e coelho da páscoa passam a ser lendas, mas a natividade e ressurreição, não.

 
Talvez, o coelhinho da páscoa e o bom velhinho não sejam tão inocentes assim. Talvez estejam prestando um grande serviço à religião. Estariam cumprindo seu papel como formas simples e corruptas de incutir nas crianças os mistérios religiosos.

sábado, 3 de outubro de 2009

O que é ser ateu

O termo "ateu" é formado pelo prefixo grego a-, significando "ausência" e o radical grego theós, significando "deus". O significado literal do termo é "sem deus".

Essa análise simples nos permite derivar a definição que 'ateu é uma pessoa que consegue aceitar e compreender a realidade sem a inclusão de um ser sobrenatural'.

Em termos práticos, o ateu é alguém que recusa qualquer dogma. Ele se recusa a acreditar em algo por meio da fé, essencialmente e assumidamente irracional.

Lógico que essa definição é ampla e abrange vários graus de ateísmo, desde as pessoas simplesmente desconhecem o conceito de deus, por exemplo, todas as crianças, até as pessoas que julgam a inexistência de deus pela sua impossibilidade física ou lógica.

Sem palavras...


Casal condenado por tratar bebê com homeopatia

Pais se recusaram a buscar ajuda de medicina tradicional durante 4 meses antes de o bebê morrer.

O casal Thomas e Manju Sam foi preso em Sydney, na Austrália, por ter deixado sua filha Gloria, de 9 meses e meio, morrer de septicemia e desnutrição, consequências de um severo caso de eczema. Thomas Sam, de 42 anos, e Manju Sam, de 37, se recusaram a buscar ajuda médica durante os quatro meses e meio em que a criança esteve doente, preferindo tratá-la com homeopatia.

O casal foi condenado por homicídio culposo. A pena combinada dos dois chega a um mínimo de 10 anos de prisão, sendo que o pai deve cumprir pelo menos seis anos e a mãe deve cumprir pelo menos quatro. Sam é médico homeopata e tratou a filha sozinho, até que ela desenvolveu uma úlcera no olho esquerdo e foi levada a um hospital, dois dias antes de morrer. 

O juiz Peter Johnson, da Suprema Corte de Nova Gales do Sul, disse que a bebê sofreu desnecessariamente por causa de uma condição que é tratável. Quando morreu, Gloria pesava apenas dois quilos a mais do que quando nasceu, e seu cabelo, que era preto, havia se tornado branco. Sua pele estava coberta de feridas e ela sofria de uma infecção. 

Na íntegra em O Estado de São Paulo

Esse é mais um caso onde um inocente morre vítima de crendices, desta vez sob a forma de pseudociência..

Não bastassem os Testemunhas de Jeová com sua recusa em aceitar transfusões de sangue, os cientologistas que classificam problemas mentais ou convulsões como cicatrização da alma evitando qualquer tratamento e os espíritas com suas cirurgias mediúnicas,  agora temos uma horda de pseudociências, chamadas de alternativas, como a medicina ortomolecular, homeopatia, iridologia, cromoterapia e mais uma centena de outras que inclue até urinoterapia, não poupando incautos, desesperados e o que é pior crianças indefesas. 

Procedimentos ligados a crenças que rejeitam a própria ciência não tem lugar na medicina responsável. São inúteis e não adicionam nada ao resultado, apenas às despesas.

Estima-se que a "medicina alternativa" movimente cerca de US$ 15 bilhões por ano.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dance Monkey, Dance

Um grande video/poema escrito/produzido por Ernest Cline (www.ernestcline.com). É um curta que ilustra e tenta discutir nossa condição humana, sob uma ótica bem-humorada.


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O elefante

Você já imaginou como é possível prender um elefante adulto a uma estaca que foi enterrada com poucas marteladas?

É uma questão intrigante, mas de resposta bastante simples. Desde que nasce o elefante é preso por uma corrente a uma estaca. Como ainda é pequeno não tem força para arrancá-la. A argola que fixa a corrente à pata do elefante tem esporas por dentro. Toda vez que ele tenta puxar a corrente as esporas fincam em sua pele ainda macia. A dor é grande e ele desiste.

Os anos passam. Ele se torna o animal mais forte sobre a terra. Sua pele agora é tão resistente que é impenetrável às esporas. Ele seria capaz de arrancar a estaca sem o menor esforço.
Mas, toda vez que começa a esticar a corrente, sente a argola, sente as esporas, os anos de dor, e desiste...

O elefante estará preso por toda sua vida...