quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Os caminhos de um ateu

Eu vejo o ateu como uma pessoa com inteligência acima da média, que tem entre 16 e 40 anos e curiosidade que em muito alarga sua cultura. Esta pessoa foi alimentada com bizarrices durante toda a sua vida: falaram para ele na escola que um sujeito colocou dois animais de cada espécie em um barquinho durante 40 dias para escapar da chuva, falaram que Deus criou o mundo em 7 dias, que a Terra tem 6.000 anos de idade, que uma torre desmoronando era a responsável pelas línguas da Terra e por ai vai… e que tudo isso era “a palavra de Deus”. Mais tarde, jogam na nossa cara um Jesus-Apolo com uma história toda picotada e incompreensível e dizem que “ele morreu pelos nossos pecados” ou “morreu para nos salvar”. E pior, que se não acreditarmos nele, este deus bondoso e magnânimo nos lançará nas profundezas do inferno para sermos torturados pela ETERNIDADE.

Qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência e cultura vai começar a questionar tudo isso.

As pessoas mais velhas, por terem passado 30… 40 anos ouvindo estas histórias em um período sem troca de informações (não havia internet) e onde a dominação educacional, moral e dogmática era MUITO mais pesada do que a nossa certamente terão muito mais dificuldades em largarem este pensamento. Temos de ter paciência e compreender a posição deles: eles nunca tiveram acesso ao conhecimento “oculto”.

Os mais jovens passam pelo estágio da negação: tendo uma inteligência acima da média, escutam essas coisas e assistem ao show de horrores e injustiças que é a cultura do dízimo e pensam “que merda é essa? Isso não pode ser sério!” e passam a se considerar ateus.

É o que eu considero um “ateu estágio 1”. A criação do não-Deus como resposta aos absurdos das Igrejas caça-níqueis. A imensa maioria das pessoas que eu conheço e que se denomina “ateu” começou nesta posição.

A partir deste estágio, a pessoa pode tomar três caminhos:

O primeiro é o das pessoas que adquirem uma revolta interior tão grande assumindo uma forma mais agressiva de contestar esta religião, abraçando qualquer outra coisa que lhe apresentem apenas como resposta direta aos ataques dos crentes… O problema com isso é que estas pessoas geralmente são manipuladas por iniciados para servirem de gado energético com seus “rituais satânicos” disponíveis na internet ou montam a sua “religião do não-deus católico” e saem por ai pregando. Esse pessoal, que costumamos chamar de “satanistas de orkut“, leram meia dúzia de livros do Aleister Crowley, não têm a menor ideia de como a ritualística funciona e geralmente são vampirizados e usados como baterias energéticas para iniciados de verdade das Fraternidades Negras.

O segundo caminho é o dos preguiçosos mentais, que decidem parar seu ceticismo por aí. Decidem que “todas as religiões são iguais, não preciso estudar nenhuma, ninguém presta, são todos picaretas e são todas iguais” e normalmente pensam o mesmo das ciências ocultas, fazendo uma mistureba com os charlatões, videntes e afins. Eles normalmente consideram efeitos espirituais como fraudes, mas nunca se deram ao trabalho de buscar pessoalmente qualquer tipo de comprovação, seja para sim, seja para não. Desta categoria surgem os fanáticos-céticos.

A terceira categoria é a que eu respeito. Os buscadores céticos, independentemente de suas (des)crenças, estudam as outras religiões e filosofias (e por estudar não quero dizer “fuçaram na wikipedia”) e entendem os princípios de suas filosofias e doutrinas, chegando até mesmo a absorver e comparar seus ensinamentos sem se deter nos dogmas impostos (Não mentir, não roubar, não matar, ter ética…). Eventualmente podem chegar à fatal conclusão de que o conceito de deus, seja lá de que religião for, é auto-contraditório, mas isso não os impede de continuar estudando e até respeitando quem ainda não chegou neste estágio.

Eventualmente ele pode encontrar uma filosofia que lhe sirva, ou continuará uma eterna busca. O mesmo vale quanto aos “fenômenos sobrenaturais”. Eu acredito que não existe nada “sobrenatural”; existem apenas coisas “naturais” que a ciência não teve tempo para explicar ainda. Incluindo espíritos e magia.

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