Aldous Huxley escreveu um livro intrigante. As Portas da Percepção (The Doors of Perception, 1954) narra sua experiência com a mescalina, uma droga que, segundo sua descrição teria a capacidade de eliminar os filtros que o cérebro impõe a nossa percepção impedindo a passagem de todas as impressões e imagens que existem efetivamente.
Ora faça-me um favor. É só isso? Imagino que um deus desapontado pensaria. Foi para isso que eu perdi meu tempo com essa criatura? Foi isso que eu escolhi para ser a minha imagem e semelhança? Este ser ridículo que vem diante de mim e, ao invés da compreensão do universo, pede "o pão nosso de cada dia"?
Mas, o pior mesmo ainda está por vir. Logo em seguida. Aquele que poderia libertar o homem de suas limitações, reais ou imaginárias, para que ele se tornasse tudo aquilo que seu criador imaginou, ouve um ser patético pedir bovinamente:
"não nos deixei cair em tentação"
Não nos deixe cair em tentação? Segundo o criador do pai-nosso, o homem diante de deus não procuraria se aproximar de seu criador, de merecê-lo, de exaltá-lo, de se mostrar digno dele. Procuraria apenas mostrar sua capacidade de auto-limitação e auto-anulação. Procura mostrar o quão insignificante ele consegue ser.
É isso que deus espera ouvir do homem? Não de mim.
O que realmente me intrigou no livro foi a clareza com que ele conseguiu enxergar certas coisas que por fazerem parte de nosso cotidiano passam a ser facilmente desprezadas por nosso cérebro limitador.
Uma dessas pequenas coisas foi sua crítica a oração maior do catolicismo, o pai-nosso.
Imagine-se diante de deus, vocês dois e apenas vocês dois. Você pode pedir algo a ele. Pode pedir qualquer coisa, que ele pode, sem nenhum esforço senão sua vontade, conceder. Você pode pedir qualquer coisa, e, ao invés de pedir, por exemplo, a sabedoria que lhe permitira compreender o universo enaltecendo sua obra máxima, ou a capacidade de exercer a plenitude de seu amor, você simplesmente pede:
"o pão nosso de cada dia nos dai hoje"
Mas, o pior mesmo ainda está por vir. Logo em seguida. Aquele que poderia libertar o homem de suas limitações, reais ou imaginárias, para que ele se tornasse tudo aquilo que seu criador imaginou, ouve um ser patético pedir bovinamente:
"não nos deixei cair em tentação"
Não nos deixe cair em tentação? Segundo o criador do pai-nosso, o homem diante de deus não procuraria se aproximar de seu criador, de merecê-lo, de exaltá-lo, de se mostrar digno dele. Procuraria apenas mostrar sua capacidade de auto-limitação e auto-anulação. Procura mostrar o quão insignificante ele consegue ser.
É isso que deus espera ouvir do homem? Não de mim.
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