sábado, 31 de outubro de 2009

Hipocrisia pura?

Quantos dos pais que defendem o ensino religioso nas escolas públicas, se este não fosse permitido, matriculariam os filhos em um curso de religião fora da escola, da mesma forma que fazem com cursos de inglês, judô ou balé?

Pura hipocrisia.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

16 erros comuns sobre ateus

O texto a seguir foi traduzido do Way of the Mind.
  1. Ateus odeiam cristãos e o cristianismo: não, não odiamos. Ateus em geral odeiam as atrocidades cometidas em nome da religião, a desonestidade da maioria delas e a forma como encorajam as pessoas a não pensar ou questionar, e a não acreditar nem usar suas cabeças. Mas daí a odiar cristãos há uma longa distância.
  2. Muitos ateus foram cristãos e deixaram de acreditar por causa de alguma experiência ruim com outros cristãos: errado. Para a maioria não foi necessária uma má experiência. Apenas começamos a questionar, a imaginar o que aconteceria se aplicássemos os padrões da lógica, razão e provas à religião da mesma forma que aplicamos em qualquer coisa nas nossas vidas.
  3. Ateus não tem nenhum senso de moral, já que a moral vem de deus: o velho argumento “sem medo do inferno, não há nada que impeça as pessoas de se transformarem em monstros sangüinários”. Pode ser uma surpresa para a maioria dos cristãos, mas existem razões para ser “bom” além do medo da punição – o que não é bem uma razão e mostra apenas como os cristãos estão sob uma luz ruim. Razões como empatia com outros humanos, sentimentos genuínos dedicados a outros e, o mais importante, princípios racionais. Ser bem comportado apenas porque papai vai te espancar não faz de você uma criança boa.
  4. Os ateus são um grupo unificado, como uma igreja: somos? Eu diria que os ateus são mais diversos livres e independentes que os cristãos, porque somos menos parecidos com ovelhas e não aceitamos as coisas baseados na fé ou vindas de autoridades.
  5. Os ateus sabem, lá no fundo, que existe um Deus, já que isso é perfeitamente óbvio; eles são apenas muito orgulhosos e arrogantes para admitir a existência de alguma coisa maior que eles mesmos: não exatamente. A existência de Deus é óbvia apenas se você sofreu lavagem cerebral (por outros e por sua própria irracionalidade). Nós estamos realmente convencidos de que não existe um Deus.
  6. Ateus não sabem nada sobre o Cristianismo: de novo, não. Alguns ateus provavelmente sabem mais sobre o assunto que outros. No entanto, a religião é tão ubíqua que, goste ou não, todos nós temos graus diversos de contato com ela, com suas crenças. Além disso, muitos ateus são naturalmente curiosos. A maioria dos ateus já leu os livros religiosos, alguns mais de uma vez. Agora, caro crente, pergunte a si mesmo quantos livros, revistas ou ensaios ateus você já leu. Oh, esqueci, tudo é obra de Satanás.
  7. A vida dos ateus é fria e vazia, já que eles não podem sentir a alegria e o amor que vem apenas de Deus: eu jamais me chamaria de frio ou vazio. Tenho as alegrias da amizade, amor, família e de fazer as coisas que amo. E sou auto-suficiente, diferente de qualquer um que diga “não sei como se pode viver sem Deus” – como muitos crentes dizem.
  8. Os ateus são depressivos e niilistas, já que eles acreditam que não há nada depois da morte e, por isso, não há motivo para nada: muito pelo contrário. Nós, diferentemente de vocês, sabemos o quão preciosa é a vida, porque sabemos que é a única. E, isso pode ser um choque para vocês, podemos amar nossas vidas, sentir alegria de estar vivos, porque não acreditamos que este é “um mundo do diabo”, ou que “tudo é um teste antes da coisa real”. A vida é preciosa e é nossa, não de um deus qualquer.
  9. Os ateus são frios e pouco carinhosos: não, não somos. Ter ilusões não faz de ninguém mais carinhoso. E, de novo, tratamos a vida como preciosa e fazemos o possível para melhorá-la, tanto as nossas quanto as de quem amamos. Por outro lado, muitos cristãos acreditam que a vida é sofrimento e que não há nada que se possa fazer a respeito.
  10. Ateus são arrogantes: não. Apenas ousamos usar nossas mentes no lugar de perguntar “quem somos nós para saber?”. Não somos arrogantes porque não nos considerarmos os escolhidos. Não somos arrogantes porque não ditamos regras de conduta. Não somos arrogantes porque não segregamos quem pensa diferente de nós. Não, não somos arrogantes.
  11. Os ateus querem escapar da adoração religiosa: errado. Apenas não queremos sofrer com ela. Se você deseja acreditar em Deus, Jesus, Papai Noel ou na Fada do Dente, acredite. Quer ensinar nossas crianças a fazer o mesmo? Sinto pena delas, mas levará muitos anos até que as pessoas percebam que, em matéria de razão, as crianças são tão incapacitadas quanto são as asas de um pequeno pássaro. Quer dar seu dinheiro para um cara com uma BMW e um corte de cabelo horrível? Tudo bem. Mas não tente me salvar, não me incomode no meio da rua ou em casa, não consiga políticos que formulem leis para dar mais poder a vocês, não tentem ensinar religião nas aulas de ciência ao rebatizá-la e classificá-la como “ciência” e não usem o dinheiro dos meus impostos para escrever suas idiotices em locais públicos. Em resumo, façam como quiser, desde que fique entre vocês – da mesma forma que não saio por aí tentando “desconverter” ninguém.
  12. Os ateus são incapazes de sentir prazer nas coisas simples, como um lindo pôr-do-sol, já que eles veem tudo sob a ótica da frieza da ciência, sem pensar que tudo é milagre: desnudando o arco-íris – a ideia de que beleza e poesia existem apenas se sabemos pouco ou nada de como as coisas funcionam. Mas eu pergunto: o fato de saber sobre astronomia, física e luz diminui a beleza do pôr-do-sol? Ele é bonito apenas porque parece “mágico” ou “um ato de Deus” para vocês?
  13. Os ateus vivem em constante medo da morte: poucas pessoas realmente querem morrer, apenas os ao mesmo tempo deprimidos e suicidas e os cristãos que acreditam que o mundo é um trabalho do demônio e rezam “por favor, Senhor, leve-me”. O medo da morte é perfeitamente natural. E também acreditamos que esta é “a vida”, o que nos faz tratá-la como uma preciosidade. Além disso, não acreditamos que depois de mortos podemos ir para um lugar em que queimaremos e seremos torturados pela eternidade.
  14. A maioria dos criminosos é de ateus (ou, a percentagem de ateus dentre os criminosos é mais alta que na população em geral): por incrível que pareça, a verdade é exatamente o oposto. Ateus são minoria, mesmo em número relativos comparados à sociedade, em qualquer sistema prisional.
  15. Os ateus são burros e de “cabeça fechada”: pergunte a qualquer crente o que o convenceria do erro e o persuadiria a deixar a religião e se tornar um ateu. Se você obtiver uma resposta, será quase sempre “nada, eu tenho fé em Deus”. Embora essas pessoas possam existir, ainda não encontrei um teísta que pudesse reconhecer a possibilidade de que sua crença esteja errada. Muitos teístas, por admissão própria, estruturam sua crença de uma forma que nenhuma evidência possa dizer o contrário. Os ateus, por outro lado, são fáceis de convencer – só o que é preciso é que Deus apareça de forma incontestável, digamos, por exemplo, fazendo qualquer coisa que ele tenha feito no Antigo Testamento.
  16. Os ateus são maus pais: de novo, existem bons e maus pais ateus e bons e maus pais crentes. Os pais ateus, no entanto, jamais fariam o que Abraão quase fez com o filho Isaque (e os cristãos louvam seu ato), porque, para a maioria dos ateus, a vida é nossa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Os caminhos de um ateu

Eu vejo o ateu como uma pessoa com inteligência acima da média, que tem entre 16 e 40 anos e curiosidade que em muito alarga sua cultura. Esta pessoa foi alimentada com bizarrices durante toda a sua vida: falaram para ele na escola que um sujeito colocou dois animais de cada espécie em um barquinho durante 40 dias para escapar da chuva, falaram que Deus criou o mundo em 7 dias, que a Terra tem 6.000 anos de idade, que uma torre desmoronando era a responsável pelas línguas da Terra e por ai vai… e que tudo isso era “a palavra de Deus”. Mais tarde, jogam na nossa cara um Jesus-Apolo com uma história toda picotada e incompreensível e dizem que “ele morreu pelos nossos pecados” ou “morreu para nos salvar”. E pior, que se não acreditarmos nele, este deus bondoso e magnânimo nos lançará nas profundezas do inferno para sermos torturados pela ETERNIDADE.

Qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência e cultura vai começar a questionar tudo isso.

As pessoas mais velhas, por terem passado 30… 40 anos ouvindo estas histórias em um período sem troca de informações (não havia internet) e onde a dominação educacional, moral e dogmática era MUITO mais pesada do que a nossa certamente terão muito mais dificuldades em largarem este pensamento. Temos de ter paciência e compreender a posição deles: eles nunca tiveram acesso ao conhecimento “oculto”.

Os mais jovens passam pelo estágio da negação: tendo uma inteligência acima da média, escutam essas coisas e assistem ao show de horrores e injustiças que é a cultura do dízimo e pensam “que merda é essa? Isso não pode ser sério!” e passam a se considerar ateus.

É o que eu considero um “ateu estágio 1”. A criação do não-Deus como resposta aos absurdos das Igrejas caça-níqueis. A imensa maioria das pessoas que eu conheço e que se denomina “ateu” começou nesta posição.

A partir deste estágio, a pessoa pode tomar três caminhos:

O primeiro é o das pessoas que adquirem uma revolta interior tão grande assumindo uma forma mais agressiva de contestar esta religião, abraçando qualquer outra coisa que lhe apresentem apenas como resposta direta aos ataques dos crentes… O problema com isso é que estas pessoas geralmente são manipuladas por iniciados para servirem de gado energético com seus “rituais satânicos” disponíveis na internet ou montam a sua “religião do não-deus católico” e saem por ai pregando. Esse pessoal, que costumamos chamar de “satanistas de orkut“, leram meia dúzia de livros do Aleister Crowley, não têm a menor ideia de como a ritualística funciona e geralmente são vampirizados e usados como baterias energéticas para iniciados de verdade das Fraternidades Negras.

O segundo caminho é o dos preguiçosos mentais, que decidem parar seu ceticismo por aí. Decidem que “todas as religiões são iguais, não preciso estudar nenhuma, ninguém presta, são todos picaretas e são todas iguais” e normalmente pensam o mesmo das ciências ocultas, fazendo uma mistureba com os charlatões, videntes e afins. Eles normalmente consideram efeitos espirituais como fraudes, mas nunca se deram ao trabalho de buscar pessoalmente qualquer tipo de comprovação, seja para sim, seja para não. Desta categoria surgem os fanáticos-céticos.

A terceira categoria é a que eu respeito. Os buscadores céticos, independentemente de suas (des)crenças, estudam as outras religiões e filosofias (e por estudar não quero dizer “fuçaram na wikipedia”) e entendem os princípios de suas filosofias e doutrinas, chegando até mesmo a absorver e comparar seus ensinamentos sem se deter nos dogmas impostos (Não mentir, não roubar, não matar, ter ética…). Eventualmente podem chegar à fatal conclusão de que o conceito de deus, seja lá de que religião for, é auto-contraditório, mas isso não os impede de continuar estudando e até respeitando quem ainda não chegou neste estágio.

Eventualmente ele pode encontrar uma filosofia que lhe sirva, ou continuará uma eterna busca. O mesmo vale quanto aos “fenômenos sobrenaturais”. Eu acredito que não existe nada “sobrenatural”; existem apenas coisas “naturais” que a ciência não teve tempo para explicar ainda. Incluindo espíritos e magia.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O perdão nas religiões

Dar a outra face é a exceção pregada pelo cristianismo. Desde a mais tenra antiguidade, as religiões não apenas amparam como incentivam a vingança desproporcional ao agravo. O Velho Testamento é repleto de passagens do tipo "olho por olho".  Mesmo antes de Moisés, pode-se ler: "Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem,  e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.(Gênesis 9:5). A vingança é uma característica marcante, a forma ideal de resolver os problemas pessoais.

Nenhuma passagem é tão constrangedora quanto aquela em que o profeta Eliseu é chamado de "careca" por um grupo de crianças e, em resposta, manda dois ursos sairem da floresta e despedaçarem 42 criancinhas (2 Reis 2:23-24). Deve ser o único caso registrado em que uma peruca teria evitado uma carnificina.  

Há algumas boas intenções. Ao mesmo tempo que tentou limitar o dano causado, para evitar que uma série de ações violentas escalassem rapidamente e saíssem do controle, a famosa lei de talião, que merece vários destaques na Bíblia (Êxodo 21:22-25, Levitico 24:19–21 e Deuteronômio 19:21), acabou por institucionalizar a vingança como ação justificável até nossos dias. 

Foi limite o que faltou a Teodora, esposa do imperador Justiniano, que convidou a população para um espetáculo no estádio onde mandou degolar 30 mil pessoas por insurreição. Mesmo assim, o desmedido massacre não impediu que ela fosse canonizada pela Igreja Católica Ortodoxa. 

Em tese toda religião prega o perdão. Em todas elas o perdão aparece como uma proposta acima das propostas, e ali fica. No transcorrer dos textos, das normas, das regras ele fica esquecido, trocado pelo mais vil dos sentimentos. Afinal, o ódio conquista mais que a paixão.

Judeus que matam islâmicos que matam judeus que matam islâmicos têm no Yom Kippur o mais importante de seus feriados. O chamado Dia do Perdão é conhecido como o "sábado dos sábados".  Vão todos às sinagogas, leem o livro de Jonas, tocam o shofar para despertar os valores morais e espirituais. É o dia de judeus perdoarem seus inimigos, certo? Errado! De acordo com o Talmud, a celebração do Yom Kippur pode purificar somente os pecados entre o homem e deus. Os outros que se danem. Patético...

Como instituição, a religião é má conselheira. As guerras religiosas são sempre as mais inexplicáveis, duradouras e cruéis da história humana. Paradoxalmente aquela que deveria dar conforto ao homem e ajudá-lo a alcançar a sabedoria necessária para entender a origem do desejo de vingança e aprender a domá-lo, nos inunda com exemplos da mais gratuita crueldade como receita para apaziguar o espírito.

Eu prefiro os versos escritos há 25 séculos pelo poeta grego Ésquilo: 

"Enquanto dormimos
a dor que não se dissipa 
cai gota a gota sobre nosso coração
até que, em meio ao nosso desespero
e contra nossa vontade
apenas pela graça divina
vem a sabedoria"  

Dentro da religião, no ápice de nosso sofrimento só nos cabe contar com uma última reflexão:

Pai, perdoai-os, porque, se eu puder, eu cubro de porrada.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um asteroide está em rota de colisão com a Terra

LONDRES (Reuters): Um asteroide está em rota de colisão com a Terra e você tem uma hora de vida. O que você faria com seus últimos 60 minutos? 

A pergunta foi feita pela Ziji Publishing para marcar o lançamento do livro “Cloud Cuckoo Land”, estréia do escritor Steven Sivell, que “usa a clássica premissa de uma inevitável colisão de um meteoro como uma metáfora para ameaças à raça humana”.

Sem grandes surpresas, a maioria dos questionados – 54 por cento – disse que passaria seus últimos momentos com seus parentes e amigos queridos, pessoalmente ou por telefone.

A pesquisa, entretanto, revelou uma grande onda hedonista – 13 por cento dos entrevistados sentariam e esperariam o inevitável com uma taça de champanhe.

Sexo seria a opção de cerca de nove por cento, três por cento rezariam, enquanto dois por cento disseram que comeriam algum alimento rico em gordura.

Esse resultado me faz pensar: 3% rezariam. Quase tanta gente correria para a igreja quanto para um McDonald's.

Nada como o fim do mundo para a trazer à tona o que existe de melhor no íntimo das pessoas.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Astrologia não é ciência

Eu era gêmeos, mas dava tudo errado, aí eu mudei... (Domésticas, o Filme) 

A astrologia é mãe da astronomia. Até a Era Moderna eram praticamente indistinguíveis. Teve importante papel na formação das culturas, e sua influência é encontrada em todas as religiões antigas e em várias disciplinas através da história. A astrologia nasceu junto com a matemática e, por isso, talvez tenha assumido um caráter científico, o qual nunca teve.

A característica fundamental da ciência é basear-se na observação da natureza e na experimentação. Os efeitos das posições dos planetas e da Lua em qualquer pessoa na Terra nunca foram demonstrados em qualquer estudo sistemático. Nas últimas décadas vários cientistas testaram as previsões da astrologia e comprovaram que não há resultados.

Um teste duplo-cego da astrologia foi executado pelo físico Shawn Carlson, do Lawrence Berkeley Laboratory, Universidade da Califórnia. Grupos de voluntários forneceram informações para que uma organização astrológica bem estabelecida produzisse um horóscopo completo da pessoa, que também preenchia um questionário de personalidade completo, pré-estabelecido de comum acordo com os astrólogos.

A organização astrológica que calculava o horóscopo completo da pessoa, juntamente com 28 astrólogos profissionais que tinham aprovado o procedimento antecipadamente, selecionavam entre três questionários de personalidade aquele que correspondia a um horóscopo calculado. Como havia 3 questionários e um horóscopo, a chance de acerto aleatório é de 1/3 = 33%.

Os astrólogos tinham previsto antecipadamente que a taxa de acerto deveria ser maior do que 50%, mas, em 116 testes, a taxa de acerto foi de 34%, ou seja, a esperada para escolha ao acaso! Os resultados foram publicados no artigo A Double Blind Test of Astrology, S. Carlson, 1985, Nature, Vol. 318, p. 419.

Porque então, mais da metade das pessoa acredita em astrologia.?

A resposta recai sobre o processo de auto-engano a que se submetem as pessoas. Imagine que você consulte um astrólogo buscando acertar o resultado em um jogo com 10% de chance de acerto Se o astrólogo erra, qual sua sensação? Frustração com a astrologia? Não, frustração com o astrólogo, e logo você consulta outro, e outro, até que um acerta. Ora, não precisa ser estatístico para descobrir que, cedo ou tarde, ou em média na décima consulta, um astrólogo acerta.

Qual sua sensação agora? Total confiança no astrólogo e na astrologia. Todas as frustrações passadas são creditadas aos astrólogos e o sucesso casual presente a astrologia.

Por isso quem riu da frase a protagonista do filme, que tome cuidado, pois pode estar fazendo a mesma coisa.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fabriqué en France

Quando o presidente Lula deu prioridade à compra dos caças Rafalle, pelo compromisso assumido pelo governo francês de transferir toda a tecnologia envolvida, eu me lembrei de outro produto onde, com muito sucesso, recebemos toda a tecnologia desenvolvida na França para continuarmos o desenvolvimento aqui no Brasil e logo nos tornarmos lideres mundiais.

O produto em questão não foi armamento do ponta, foi o espiritismo.

Criado na França por Alan Kadec, o espiritismo conseguiu a proeza de mesclar a caridade do Catolicismo primitivo, as reencarnações do Budismo, o evolucionismo de Darwin, além de uma batelada de credos esotéricos que estavam na moda nos sec. XIX.

Esse verdadeiro "samba do crioulo doido" não pegou na terra do iluminismo. Talvez pelo bom nível da educação, Também não pegou nas terras da America do Norte, talvez porque os shows de mágica abusando de pirotecnia e eletrotecnia eram muito mais interessantes. O espiritismo precisava de espíritos um pouco menos evoluídos para se fixar. Ai entramos nós. Compramos o pacote com total transferência de tecnologia e hoje somos a maior nação espírita do mundo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Calendário

Quem quer que já tenha trabalhado com planejamento, conhece o problema. Alguns meses tem 30 dias, outros tem 31 e um outro tem 28 ou 29. Não bastasse isso, dependendo do ano, esses meses podem ter de 15 até 24 dias úteis.

Imagine uma empresa comparando as vendas de dois meses diferentes.

Esse tipo de problema incitou, no final do séc XVIII, muitas propostas de reforma do calendário. A mais interessante foi o chamado calendário positivista., elaborado em 1848, pelo filósofo francês Auguste Comte.

Sua idéia era bastante simples:
- Um ano normal tem 365 dias
- O primeiro dia de cada ano seria um dia especial, fora de qualquer mês e fora dos dias da semana.
- Sobrariam 364
- Dividindo-se esses 364 em 13 meses teríamos exatos 28 dias em cada més.
- Os anos bissextos teriam um dia adicional, fora desses meses.

O interessante é que como 28 é múltiplo de 7, todo mês começaria no mesmo dia da semana. Assim, todo dia 1º seria uma segunda feira, todo dia 19, por exemplo, seria uma sexta-feira..

Imagine as consequências. Você saberia exatamente em que dia da semana cai qualquer data. Todos os meses teriam o mesmo número de dias correntes e o mesmo número de dias úteis.

A novidade desagradou a Igreja, detentora do tradicional calendário gregoriano que viria a se tornar no calendário universal (muita pretensão acreditar que o universo segue um calendário terrestre). Os supersticiosos abominaram a ideia de um ano com treze meses. No fim das contas, a principal razão para a rejeição parece ter sido a insistência em nomear os meses homenageando personalidades históricas, como Homero ou Shakespeare. Os nomes de deuses pagãos e imperadores romanos já havia caído no gosto popular.

Não se sabe se ajudada pelo lobby dos fabricantes de 'folhinhas', a proposta foi rejeitada.

domingo, 11 de outubro de 2009

O Neandertal, a discriminação e a religião

Nosso planeta existe há algo como 4.7 bilhões de anos e o homem em sua forma primitiva vive nele há dois milhões de anos. Porém, somente há cerca de 70.000 anos é que o ser humano começou a sepultar os seus mortos, demonstrando o inicio de práticas rituais.

Os Neandertais enterravam seus defuntos do sexo masculino com alguns utensílios considerados necessários na outra vida. Esta crença na vida para além da morte, um embrião do que viriam a ser as religiões, principiava por estabelecer uma forte discriminação entre os sexos, pois são poucos os vestígios que o homem de Neardental enterrasse também as mulheres com os referidos utensílios.

Se a mulher foi inferiorizada desde a origem do ser humano por um ambiente inóspito que privilegiava a força e punia a maternidade, as religiões cumpriram seu importante papel de perpetuar o que existiu de pior nos homens. O que ocorre episodicamente de pior na vida social e cultural, logo é apropriado pela religião, com um agravante, esse pior nunca mais será abandonado.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O mito de Maria

O mito de Maria é um dos mais difundidos entre as religiões. O mito do deus que nasce de uma virgem já havia aparecido em Horus, Krishna, Dioníso, Zoroastro, Mitra e outros, assumindo o ápice com Jesus.

Mas de que forma esse mito acabou por repercutir no imaginário das meninas adolescentes?

No cristianismo, o mito de Maria fecha o ciclo iniciado com o pecado original, no qual Eva sugeriu a Adão pecar, passando por todas as submissas mulheres bíblicas, até chegar à mãe pura, aquela que foi mãe sem cometer o pecado original. Se Eva lançava todas as mulheres na vala comum de fonte do maior dos pecados, Maria surgia como esperança de redenção e exemplo para todas as mulheres.

De todos os arquétipos femininos, o de Maria vem a ser o mais cruel de todos, uma vez que interfere diretamente na relação de prazer da mulher com o mundo. O modelo da mãe de Jesus é o da mulher que foi mãe de forma assexuada. Ou seja, não pecou, não sentiu prazer sexual.

As meninas educadas sob a moral cristã encaram sua sexualidade de forma comprometida e distorcida. O modelo de sexualidade oferecido não corresponde à realidade de sentimento das meninas. Elas crescem reprimindo sua libido, compensando desejos "pecaminosos" com atividades pueris e sublimando qualquer possibilidade de prazer.

Através do mito de Maria, o prazer da mulher foi definitivamente relacionado às condutas mais reprováveis carregadas de adjetivos pejorativos. Imagino a dificuldade para as mulheres que buscam seu prazer não conflitarem no seu âmago psicológico o medo de se tornarem prostitutas, vagabundas, vadias etc..

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

1 + 1 = 2

O Brasil é um país único. Um extraterrestre que visitasse nosso planeta, pousando sua nave neste país continental, por certo teria grandes dificuldades para compreender uma nação com tantos e cruéis contrastes. 

Por aqui convivem, lado a lado, o desenvolvimento da Suécia com a miséria do Gabão. Convivem, lado a lado, o país que exporta aviões a jato para as mais desenvolvidas potências, e o país do trabalho infantil, da subsistência, da miséria.

Paliativos à parte, afinal estamos cansados de assistencialismo, sabemos que só a educação pode reduzir o imenso abismo entre ricos e pobres verificado neste país. Seja no campo público, como no privado, um país é administrado por sua elite, aquilo que ele tem de melhor. Porém, essas elites tendem a se perpetuar gerando todas as mazelas que tão bem conhecemos. Aí entra o papel da educação. Só a educação pode formar novas elites, mais preparadas e mais aptas para aproveitar e oferecer novas oportunidades. A educação é o mais efetivo, senão o único, instrumento de mobilidade social. É o que a história recente ensina.

Se recursos suficientes forem aplicados corretamente, educar um país toma duas gerações, algo de 30 a 50 anos. Um tempo inadmissível. Um tempo que não temos. Mas é o tempo que vamos levar. Foi esse o tempo que levou a Coreia. Vai ser esse o tempo que levará a China.

Analisar as duas últimas postagens dentro deste contexto leva a uma conclusão simples e aterradora. Ninguém liga para a presente situação da educação no país, tampouco para seu papel em nosso futuro. Enquanto todos os esforços deveriam estar concentrados numa saga obstinada de trazer a excelência à educação do país, o que vemos são preocupações difusas de usar a escola como simples ferramenta política.

Pergunto, é função da escola pública empenhar recursos materiais, financeiros e humanos, comprometendo a situação já calamitosa do ensino, para ministrar aulas de religião que de prático servem apenas para selar o apoio da Igreja ao governo?

A resposta não é tão difícil.

Brasil é penúltimo em desempenho escolar

A UNESCO e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgaram a pesquisa denominada Literacy Skills for the World of Tomorrow, colocando o Brasil como o penúltimo, dentre 41 países, no quesito desempenho escolar.

A pesquisa enfocou os estudantes na faixa etária de 15 anos. Computados os resultados, nossos estudantes ficaram com o penúltimo desempenho nas áreas de matemática e ciências, e em 37º em leitura. Quando se apurou a média do conjunto das três disciplinas, o Brasil ficou em penúltimo lugar, ultrapassando apenas o Peru.

Em matemática e em ciências, os países que obtiveram as melhores posições foram Hong Kong e Coreia do Sul respectivamente. Em leitura, a Finlândia ocupou o primeiro lugar. 

É importante destacar que há cerca de 40 anos, o Brasil figurava numa posição similar a da Coreia, com níveis de desenvolvimento econômico e social semelhantes. Mas graças às mazelas de nossas elites dirigentes, fomos ficando para trás, cada vez mais para trás, bem mais para trás. Ao ponto em que, enquanto a Coreia ultrapassa importantes países como Japão, Reino Unido, Estados Unidos, França, Suíça e Alemanha; o Brasil consegue ser superado nesta corrida até mesmo pelos vizinhos de continente: México, Chile e Argentina.

(A pesquisa foi realizada em 2007)

Senado aprova acordo com Vaticano que consolida ensino religioso no Brasil

Tratado concede imunidade tributária à Igreja e reforça ensino religioso

O plenário do Senado aprovou há pouco a ratificação do acordo que cria o novo Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil. Assinado em novembro do ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o papa Bento 16, o tratado reconhece, dentre outras coisas, “a importância do ensino religioso” no país.

O texto de 20 artigos consolida condutas e procedimentos já adotados pela Igreja Católica no país, como o casamento religioso e a imunidade tributária de paróquias, dioceses e arquidioceses, concedendo segurança jurídica a esses atos ou situações.
 

Na íntegra: Última Instância

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Budismo

As única coisa que posso dizer do budismo é que é a única religião ateia (strictu sensu).

Apesar do budismo não negar a existência de seres sobrenaturais (de fato, há muitas referências nas escrituras budistas), ele não confere nenhum poder especial de criação, salvação ou julgamento a esses seres, não compartilhando da noção de Deus comum à maioria das religiões.

Assim talvez isso explique porque uma camada mais educada (leia-se os rich & famous de Hollywood) acabe optando pelo budismo. É uma forma de ateísmo light. São os que já não conseguem acreditar em um deus, mas também não tem coragem de assumir seu ateísmo.

A droga do budismo é a visão que tem do mundo demonstrada nas 4 verdades:
- A vida é sofrimento.
- O desejo é a origem do sofrimento.
- O fim do desejo leva ao fim do sofrimento
- A prática do nobre caminho leva ao fim do desejo

Bem, claro que essa bobagem toda não se aplica a Brad Pitt. Eu queria ver alguém explicar pra ele que a vida é sofrimento.

E isso piora quando entra a reencarnação, que no budismo acontece sem uma alma passando de corpo para corpo. Apenas cada homem colhe os frutos de suas vidas passadas.

Nietzsche foi muito feliz ao mostrar que o budismo como cristianismo formam "as duas religiões da decadência, da debilidade da vida; do envelhecimento da civilização e da renúncia. O desejo de 'não querer' ou o desejo que quer o nada", pregando a anulação do ser humano no que ele tem de melhor, sua capacidade de ser humano, racional, passional.

No final das contas "como acreditar que um gordão de 300 quilos pode ensinar auto-controle para alguém?"

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Lavagem cerebral, quando começa?

Todos nós temos a clara noção que, enquanto somos crianças, estamos livres da pressão religiosa que só começaria por volta dos 7 ou 8 anos com a catequese.
 
Será?

 
Então porque quando chegamos nessa idade aceitamos tão facilmente a ideia do sobrenatural? Será que não fomos preparados e bem recompensados desde pequenos para acreditar?

 
A resposta pode estar em mais duas perguntas bem simples:

 
Que mitos sobrenaturais são repetidamente ensinados às crianças pequenas para mais tarde serem substituídos pelo nascimento e ressurreição do salvador?

 
E com que idade as crianças deixam de acreditar nesses mitos?

 
Até os sete anos as crianças têm dificuldade em entender os conceitos de nascimento e morte, ainda mais um nascimento a partir de uma virgem (aaaargh) e uma morte seguida de ressurreição (aaargh). Papai noel e coelho da páscoa nada mais são que duas estratégias muito eficientes para introduzir na cabeça das crianças ritos e cultos sobrenaturais que ela não entenderia naturalmente, mas que aceita através de recompensas.
Porque crianças entendem presentes e chocolate.

 
Desde pequenas as crianças passam a acreditar que nessas datas seres mágicos trazem coisas boas e gostosas. Elas são induzidas a aceitar o sobrenatural. Os pais repetem o experimento de Pavlov com seus filhos. Se você acreditar no natal  ganha uma bicicleta, se acreditar na páscoa ganha um chocolate...

 
O mais interessante é que as crianças deixam de acreditar em papai noel e coelho da páscoa justamente na idade que começam a tomar contato com a religião. É aos 7 ou 8 anos que as crianças passam a receber treinamento religioso formal.

 
As ideias religiosas continuam absurdas, mas aí a cabeça delas já esta prontinha. É só trocar as figuras. Papai noel e coelho da páscoa passam a ser lendas, mas a natividade e ressurreição, não.

 
Talvez, o coelhinho da páscoa e o bom velhinho não sejam tão inocentes assim. Talvez estejam prestando um grande serviço à religião. Estariam cumprindo seu papel como formas simples e corruptas de incutir nas crianças os mistérios religiosos.

sábado, 3 de outubro de 2009

O que é ser ateu

O termo "ateu" é formado pelo prefixo grego a-, significando "ausência" e o radical grego theós, significando "deus". O significado literal do termo é "sem deus".

Essa análise simples nos permite derivar a definição que 'ateu é uma pessoa que consegue aceitar e compreender a realidade sem a inclusão de um ser sobrenatural'.

Em termos práticos, o ateu é alguém que recusa qualquer dogma. Ele se recusa a acreditar em algo por meio da fé, essencialmente e assumidamente irracional.

Lógico que essa definição é ampla e abrange vários graus de ateísmo, desde as pessoas simplesmente desconhecem o conceito de deus, por exemplo, todas as crianças, até as pessoas que julgam a inexistência de deus pela sua impossibilidade física ou lógica.

Sem palavras...


Casal condenado por tratar bebê com homeopatia

Pais se recusaram a buscar ajuda de medicina tradicional durante 4 meses antes de o bebê morrer.

O casal Thomas e Manju Sam foi preso em Sydney, na Austrália, por ter deixado sua filha Gloria, de 9 meses e meio, morrer de septicemia e desnutrição, consequências de um severo caso de eczema. Thomas Sam, de 42 anos, e Manju Sam, de 37, se recusaram a buscar ajuda médica durante os quatro meses e meio em que a criança esteve doente, preferindo tratá-la com homeopatia.

O casal foi condenado por homicídio culposo. A pena combinada dos dois chega a um mínimo de 10 anos de prisão, sendo que o pai deve cumprir pelo menos seis anos e a mãe deve cumprir pelo menos quatro. Sam é médico homeopata e tratou a filha sozinho, até que ela desenvolveu uma úlcera no olho esquerdo e foi levada a um hospital, dois dias antes de morrer. 

O juiz Peter Johnson, da Suprema Corte de Nova Gales do Sul, disse que a bebê sofreu desnecessariamente por causa de uma condição que é tratável. Quando morreu, Gloria pesava apenas dois quilos a mais do que quando nasceu, e seu cabelo, que era preto, havia se tornado branco. Sua pele estava coberta de feridas e ela sofria de uma infecção. 

Na íntegra em O Estado de São Paulo

Esse é mais um caso onde um inocente morre vítima de crendices, desta vez sob a forma de pseudociência..

Não bastassem os Testemunhas de Jeová com sua recusa em aceitar transfusões de sangue, os cientologistas que classificam problemas mentais ou convulsões como cicatrização da alma evitando qualquer tratamento e os espíritas com suas cirurgias mediúnicas,  agora temos uma horda de pseudociências, chamadas de alternativas, como a medicina ortomolecular, homeopatia, iridologia, cromoterapia e mais uma centena de outras que inclue até urinoterapia, não poupando incautos, desesperados e o que é pior crianças indefesas. 

Procedimentos ligados a crenças que rejeitam a própria ciência não tem lugar na medicina responsável. São inúteis e não adicionam nada ao resultado, apenas às despesas.

Estima-se que a "medicina alternativa" movimente cerca de US$ 15 bilhões por ano.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dance Monkey, Dance

Um grande video/poema escrito/produzido por Ernest Cline (www.ernestcline.com). É um curta que ilustra e tenta discutir nossa condição humana, sob uma ótica bem-humorada.