domingo, 7 de novembro de 2010

Vereadores rejeitam lei que criminalizaria sacrifício de animais em rituais

A Câmara Municipal de Piracicaba (SP) acatou o veto do prefeito Barjas Negri sobre o Projeto de Lei 202/2010, que proibia sacrifício de animais em rituais religiosos na cidade. Depois de quatro horas de discussão, religiosos do Candomblé e da Umbanda venceram a queda de braço com os defensores de animais. O Prefeito Barjas Negri deve apresentar outro projeto, sem os erros e inconstitucionalidades do anterior.



O projeto de autoria do vereador  Laércio Trevisan Jr (PR) colocou frente a frente evangélicos e defensores dos animais em confronto com defensores de  candomblecistas, defensores de libedade de religião e defensores das tradições afro-brasileiras.

A tese dos defensores dos animais apoiando o vereador Trevisan foi tentar desvencilhar o aspecto religioso sobre o PL 202/10. “Não estamos aqui discutindo a questão religiosa, o que quero apresentar para os vereadores é a defesa da vida”, apontou o advogado Rogério Gonçalves, convidado pela ONG Vira Lata Vira Vida para defender o posicionamento dos defensores.

Do outro lado, candomblecistas e defensores das tradições afro-brasileiras alegavam que o projeto de lei oficializava a opressão contra as religiões afro-brasileiras.

Somando tudo, podemos dizer o seguinte:

Preconceito contra as religiões sincréticas afro-brasileiras é coisa antiga. Em Brasília, vandalizaram, em 2008 uma bela coleção de estátuas de divindades do candomblé numa praça. E em 2009, a Carta Capital publicou uma reportagem sobre uma ofensiva evangélica em Salvador em que até vendedoras do "bolinho de Jesus" estavam tentando tirar clientela das baianas que vendem acarajé.

Há anos o PR tornou-se o braço político de lideranças religiosas evangélicas. Entre essas, algumas são intolerantes e retrógradas (mas não mais do que os carismáticos ou a Opus Dei, que fique claro; fundamentalismos se parecem, não importa a religião de base).

O mais provável mesmo é que o vereador esteja tentando subverter o estado laico surrepticiamente, e o modo mais fácil foi se esconder atrás de uma pobre galinha prestes a ser degolada.




terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mais uma vez Israel

Israel confirma expulsão de 400 crianças não judias e ameaça usar força para cumprir a ordem

Opera Mundi
07/09/2010 - 16:27
O governo de Israel determinou a expulsão de 400 crianças filhas de imigrantes que estão no país, segundo reportagem do canal de TV TeleSur divulgada nesta terça-feira (7/9). A razão exposta por Israel foi que "essas crianças não são judias". O governo ameaçou usar a força para cumprir a ordem, se necessário.

As expulsões devem começar a ser realizadas assim que acabarem as festas de celebração do ano novo judaico, que começam na quarta-feira (8/9).
O ministro do Interior israelense, Eli Yishai, que também é líder do partido religioso Shas, foi o principal defensor da medida. Ele considera que a presença das crianças "ameaça a totalidade da empreitada sionista".

"É preciso dizer adeus a eles, acabou o passeio. Todos têm que voltar para seus países", declarou Yishai, ao mesmo tempo em que acusou os pais de usá-los como "escudos humanos".

A disposição foi aprovada em agosto pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em princípio, afetaria 1,2 mil filhos de trabalhadores estrangeiros não-judeus, procedentes na maioria das Filipinas, Tailândia e de países de maioria árabe da África, como o Sudão e o Egito.

Uso da força

Depois de varias revisões e apelações, estableceu-se que 400 crianças seriam enviadas de volta para os respectivos países de origem, sem importar que se tenham nascido em Israel. Os 800 menores restantes poderão ficar desde que comprovem que cumprem alguns requisitos exigidos pelo governo.

Entretanto, o Ministério do Interior determinou um prazo de 30 dias para "dar tempo" às crianças para que saiam do país e divulgou que, após esse período, recorrerá a "métodos mais drásticos" para executar a expulsão.

Um deles, afirma a TeleSur, poderia ser a Unidade Oz, braço armado da polícia de imigração de Israel, que tem ordens de usar a força para tirá-los do país.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Livros de ensino religioso em escolas públicas estimulam homofobia e intolerância, diz estudo

UOL Educação 
23/06/2010

Uma pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) concluiu que o preconceito e a intolerância religiosa fazem parte da lição de casa de milhares de crianças e jovens do ensino fundamental brasileiro. Produzido com base na análise dos 25 livros de ensino religioso mais usados pelas escolas públicas do país, o estudo foi apresentado no livro “Laicidade: O Ensino Religioso no Brasil”, lançado na última terça-feira (22) em Brasília. 

“O estímulo à homofobia e a imposição de uma espécie de ‘catecismo cristão’ em sala de aula são uma constante nas publicações”, afirma a antropóloga e professora do departamento de serviço social, Débora Diniz, uma das autoras do trabalho.

A pesquisa analisou os títulos de algumas das maiores editoras do país. A imagem de Jesus Cristo aparece 80 vezes mais do que a de uma liderança indígena no campo religioso -limitada a uma referência anônima e sem biografia-, 12 vezes mais que o líder budista Dalai Lama e ainda conta com um espaço 20 vezes maior que Lutero, referência intelectual para o Protestantismo. Ítalo Calvino nem mesmo é citado.

O estudo aponta que a discriminação também faz parte da tarefa. Principalmente contra homossexuais. “Desvio moral”, “doença física ou psicológica”, “conflitos profundos” e “o homossexualismo não se revela natural” são algumas das expressões usadas para se referir aos homens e mulheres que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Um exercício com a bandeira das cores do arco-íris acaba com a seguinte questão: “Se isso (o homossexualismo) se tornasse regra, como a humanidade iria se perpetuar?”.


Nazismo


A pesquisadora afirma que o estímulo ao preconceito chega ao ponto de associar uma pessoa sem religião ao nazismo - ideologia alemã que tinha como preceitos o racismo e o anti-semitismo, na primeira metade do século 20. “É sugerida uma associação de que um ateu tenderia a ter comportamentos violentos e ameaçadores”, observa Débora. “Os livros usam de generalizações para levar a desinformação e pregar o cristianismo”, completa a especialista, uma das três autoras da pesquisa.


Os números contrastam com a previsão da Lei de Diretrizes e Base da Educação de garantir a justiça religiosa e a liberdade de crença. A lei 9475, em vigor desde 1997, regulamenta o ensino de religião nas escolas brasileiras. “Há uma clara confusão entre o ensino religioso e a educação cristã”, afirma Débora. A antropóloga reforça a imposição do catecismo. “Cristãos tiveram 609 citações nos livros, enquanto religiões afro-brasileiras, tratadas como ‘tradições’, aparecem em apenas 30 momentos”, comenta a especialista.

sábado, 13 de março de 2010

Padre de 82 anos filmado mantendo relações sexuais com ex-coroinha



A Igreja Católica, a principal organização dedicada a encobrir casos de abuso sexual, vai ter um momento difícil para explicar esta: O Monsenhor Luiz Marques Barbosa, 82, de Arapiraca, Alagoas, foi pego em vídeo  praticando sexo oral com um ex-coroinha de 19 anos de idade.

Filmado em janeiro de 2009 por um homem de 21 anos que alega também ser vítima de abusos por Barbosa desde os 12 anos de idade, o vídeo foi ao ar pelo programa Conexão Repórter, do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT)  no último dia 11.

Antes de levantar as acusações de abuso sexual, a reportagem perguntou se o padre tivesse pecado. "Quem nunca cometeu um pecado?" Barbosa responde.

O padre é, então, perguntou se a região tem problemas com pedofilia. "Eu acho que é mais (um problema) da homossexualidade a pedofilia", diz Barbosa.

Perguntado diretamente se ele nunca abusou meninos, Barbosa diz que ele só poderia responder a essa pergunta "em confissão".

O Monsenhor Raimundo Gomes, 52, e o padre Edilson Duarte, 43, também estão envolvidos nas acusações, que o Vaticano diz estar ciente. Não que esteja facilitando o acesso aos padres. Todos os três não foram localizado para entrevistas.

Enquanto isso, a primeira linha de defesa do Vaticano é ressaltar que o ex-coroinha tem agora 19 anos e, embora a homossexualidade do Monsenhor Barbosa seja repugnante, não é, pelo o que foi exposto no vídeo, criminosa.

É o Diabo maldito, para ela novamente.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Religião e Racismo (ou Religião é Racismo)

"Ama o teu Semelhante" 

Essa máxima, presente em quase todas as religiões, sempre me intrigou. Amar o semelhante significa que não devemos amar o diferente?

A religião sempre se apresentou como amor ao próximo, mas na verdade sempre pregou o ódio ao distante. Uma leitura rápida dos livros sagrados, sejam eles de que religião forem, mostra que essa interpretação está correta. Algumas vezes velada, outra disfarçada mas sempre correta.

Para ficar apenas com a bíblia, o velho testamento desfila centenas de passagens de intolerância contra qualquer um que não professasse a fé do 'povo escolhido' por mais inofensivo que fosse.Casamentos proibidos (coitadas das cananeias), matanças de crianças, escravidão, pode escolher.

E para desespero dos relativistas, que convenientemente segregam o novo testamento, apoiando-se na palavra de Jesus supostamente cheia de amor, vale lembrar que o gajo também não se afinava muito com a diferença de opinião. Disse que judeus não convertidos seriam lançados nas trevas exteriores e coroou como a pérola: "Quem não é comigo é contra mim."

Quem tiver tempo, paciência ou curiosidade que continue a leitura pelo corão, torá, vedas e por aí afora...

Para os que acreditam (e pregam) que isso é coisa de antigamente, esta semana tivemos mais uma demonstração da mais pura intolerância, não religiosa, mas racial advinda da religião.

Judeus ortodoxos do grupo Lehava pediram à modelo israelense Bar Refaeli para que não se case com o ator americano Leonardo di Caprio, porque este não é de origem judaica e a união dos dois contribuiria para a extinção dos hebreus de 'puro sangue'.


Segundo o jornal Ha'aretz, recentemente a modelo recebeu uma carta do colono ultraortodoxo Baruch Marcel, que, em nome do grupo Lehava, pede que ela não se case com o protagonista de Titanic, para "não danar as gerações futuras" ao misturar seu sangue com o de um "gentio" (não judeu). 

Segundo o jornal Ha'aretz, recentemente a modelo recebeu uma carta do colono ultraortodoxo Baruch Marcel, que, em nome do grupo Lehava, pede que ela não se case com o protagonista de Titanic, para "não danar as gerações futuras" ao misturar seu sangue com o de um "gentio" (não judeu).

"Você não nasceu judia por acaso", diz Marcel na carta, na qual acrescenta: "Seu avô e sua avó não sonharam que um descendente tiraria futuras gerações da família do povo judeu".


O autor da carta assegura não ter nada contra Di Caprio nem duvida que ele seja "um ator com talento". Mas avisa que "a assimilação foi sempre um dos inimigos do povo hebreu" e faz um apelo para que a modelo pense com a razão e "olhe para frente e para trás, e não apenas para o presente".


Segundo o Ha'aretz, o Lehava é uma organização que se dedica a "oferecer assistência" a mulheres judias que mantêm relações" com "não judeus" para evitar que casamentos sejam consumados, especialmente se aqueles forem árabes.

O que mais me parece absurdo é o uso da expressão 'puro sangue" digna do autor de Mein Kempf que tanto mal causou justamente aos judeus. Será que os judeus esqueceram o mal que a segregação racial provocou a sua gente?

Ou será que aprenderam com ela?
 

terça-feira, 9 de março de 2010

Vinde a mim as criancinhas (ou, pensando melhor, comi sim)

Irmão do papa admite inércia ante denúncias de abusos

O irmão do papa Bento 16 disse, em entrevista publicada hoje por um jornal alemão, que agrediu alunos como punição, após ter começado a dirigir um renomado coral de meninos nos anos 1960, na Alemanha. Ele também disse que estava ciente das acusações de abusos físicos numa escola primária ligada ao coral, mas não fez nada sobre isso. O reverendo Georg Ratzinger, de 86 anos, disse, porém, que não soube das acusações de abuso sexual contra integrantes do coral de meninos de Regensburger Domspatzen.

"Essas coisas nunca eram discutidas", disse Ratzinger à edição desta terça-feira do jornal alemão Passauer Neue Presse German. "Nunca se falou sobre o problema de abuso sexual que agora vêm à luz." Jakob Schoetz, porta-voz da diocese de Regensburg, disse que Ratzinger não fará novos comentários sobre o assunto.

As denúncias são parte de uma série de acusações de abusos sexuais cometidos por funcionários da igreja em diferentes países europeus nos últimos dias. Os casos na Alemanha são particularmente sensíveis, porque o país é a terra natal do papa e porque os escândalos envolvem o famoso coral que foi dirigido por Georg Ratzinger de 1964 a 1994"

Há também relatos de espancamentos feitos pelos administradores de duas escolas primárias ligadas ao coral, uma em Etterzhausen e outra em Peilenhofen. Um diretor, identificado como Johann M., que dirigiu a escola de Etterzhausen entre 1953 e 1992, foi alvo de várias acusações.

Ratzinger disse que os meninos teriam dito a ele se fossem destratados em Etterzhausen. "Mas eu não senti, naquela época, que eu deveria fazer algo sobre isso. Se eu soubesse da exagerada crueldade que ele estava usando, teria dito algo", disse ele ao jornal alemão. "Obviamente, hoje em dia, tais ações são condenáveis", disse Ratzinger. "Eu também as condeno. Ao mesmo tempo, peço perdão às vítimas".

Ele disse também ter administrado punição corporal. "No começo eu dava uns tapas na cara, mas me sentia mal sobre isso", disse Ratzinger, acrescentando que ficou feliz quando a punição corporal se tornou ilegal em 1980

Na semana passada, a diocese de Regensburg disse que um ex-cantor do coral disse ter sido vítima de abusos sexuais no início da década de 1960. Em toda a Alemanha, mais de 170 estudantes afirmaram que foram sexualmente abusados em escolada católicas secundárias. Ratzinger disse várias vezes que as acusações de abuso sexual datam de um período anterior à sua atuação como diretor do coral. Perguntado se sabia que isso acontecia, ele afirmou que não

Vaticano e outros casos

Respondendo às acusações de que suas políticas encorajaram o silêncio sobre o problema, o Vaticano disse que o escândalo de abusos sexuais na Alemanha e em outros países eram causa de angústia, mas que sua resposta foi imediata e transparente

Bispos católicos holandeses anunciaram uma investigação independente sobre mais de 200 acusações de abuso sexual de crianças por padres em escolas religiosas e pediu desculpas às vítimas.

O escândalo, que atingiu instituições da igreja em muitos países europeus, continuou se alastrando hoje. Na Áustria, o líder de um monastério Beneditino de Salzburgo admitiu ter abusado sexualmente de uma criança décadas atrás, e deixou o cargo.

sábado, 6 de março de 2010

Vinde a mim as criancinhas (ou Ratzinger inocenta Ratzinger)

Irmão do papa Bento XVI é inocentado de abuso sexual

O Vaticano disse que os dois casos de abuso sexual ligados a um renomado coral na Alemanha não coincidem com o período de trinta anos em que o irmão do papa Bento XVI esteve à frente da catedral.

Depois que casos de abusos em escolas jesuítas na Alemanha vieram à luz no mês passado chocando o país, a Igreja Católica revelou na sexta-feira acusações contra padres que teriam espancado e abusado sexualmente de meninos em pelo menos três escolas na Bavária.

O jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, publicou no sábado uma declaração do Bispo de Regensburg, Gerhard Ludwig Muller, dizendo que um caso de abuso do diretor-assistente de uma escola primária ligada ao coral foi detectado em 1958. O clérigo foi prontamente afastado e processado, disse o comunicado.

Outro padre, que trabalhou com o coral da catedral em 1958 durante sete meses, foi culpado de abuso sexual 12 anos mais tarde. Uma investigação está sendo conduzida agora para determinar se ele cometeu algum abuso durante seu tempo com o coral.

"Ambos os casos foram tornados públicos na ocasião e podem ser considerados encerrados no sentido legal. Eles não coincidem com o período em que o reverendo Georg Ratzinger esteve no cargo (1964-1994)," disse o comunicado.

A diocese disse em uma declaração na sexta-feira estar investigando as acusações de abuso sexual, espancamento e humilhação de três homens no início dos anos 1960, quando freqüentaram internatos ligados ao coral.

O Vaticano afirmou apoiar integralmente a diocese de Regensburg em sua decisão de investigar aberta e decididamente o assunto e que a principal preocupação da Igreja é proporcionar justiça a quaisquer vítimas.

A diocese, onde o papa ensinou teologia na universidade entre 1969 e 1977, disse na haver casos de abuso no momento e que irá investigar todas as acusações passadas

sexta-feira, 5 de março de 2010

Vinde a mim as criancinhas (ou até tu Georg)

Casos de Abusos em Coral de Irmão do Papa Bento 16

A Igreja Católica Romana da Alemanha revelou nesta sexta-feira acusações contra padres que teriam violentado e abusado sexualmente de meninos em pelo menos três escolas da Baviera, cidade-natal do papa Bento 16. Um dos casos teria ocorrido no renomado coral já liderado pelo irmão do pontífice.

As acusações no coral da catedral de Regensburg, no mosteiro beneditino em Ettal e uma escola em Burghausen vieram à tona após casos de abusos revelados em escolas jesuítas na Alemanha que chocaram o país no mês passado.

O reverendo Georg Ratzinger, de 86 anos, irmão do papa Bento 16 e que liderou o coral de 1964 a 1994, disse à rádio Bavarian não saber de nenhum abuso no coral da catedral de Regensburg, que regularmente se apresenta em turnês na Alemanha e no exterior.

A diocese de Regensburg, onde o papa lecionou teologia na universidade entre 1969 e 1977, disse que não há casos de abusos no momento e que investigaria todas as acusações do passado.

"Queremos uma resposta completa à questão sobre quais casos de abuso ocorreram na diocese de Regensburg. Quem foram os autores e quem foram as vítimas?", disse o porta-voz da diocese, Clemens Neck, em coletiva de imprensa na cidade do norte da Baviera.

A diocese disse em comunicado que um padre abusou sexualmente de dois meninos em 1958 e foi sentenciado a dois anos de cadeia. Outro clérigo foi detido por 11 meses em 1971 por abusos. Ambos já morreram.

O documento afirmou também que três homens alegaram ter sofrido abuso sexual, espancamentos e humilhações nos anos 1960 enquanto estudavam em colégios ligados ao coral. A diocese disse estar investigando estes casos e que outros poderão ser revelados.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Vinde a mim as criancinhas (2)

Por dentro do escândalo de abuso sexual católico na Alemanha

Outra acusação foi dirigida contra um ex-membro da ordem Salesiana, que trabalhou na Casa de Estudantes Dom Bosco na cidade bávara de Augsburg, até meados da década de setenta. Segundo a porta-voz Gabriele Merk-Horstmann, a ordem pretende investigar “toda as alegações, independentemente da identidade dos indivíduos envolvidos”, bem como “oferecer às vítimas todo o apoio que nos for disponível”.

Abusos sexuais teriam também ocorrido em um orfanato administrado pelas Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, na cidade de Oggelsbeuren, no sul da Alemanha. Uma vítima diz que, quando criança, era obrigada a levar as refeições para o padre no quarto deste. O padre aparentemente mostrava imagens pornográficas ao garoto enquanto o acariciava. Mais tarde esse padre foi transferido para o exterior. O caso foi submetido à comissão de abusos da diocese de Rottenburg-Stuttgart no final da semana passada.

Em uma escola marista católica na cidade bávara de Mindelheim, garotos de 13 a 15 anos de idade teriam sido convocados a ir até o quarto de um professor leigo – um aposento adjacente ao dormitório dos meninos – durante a noite. Segundo um ex-aluno, o professor dava bebidas alcoólicas aos garotos até que estes ficassem embriagados, e a seguir os molestava e, em alguns casos, os estuprava.

A testemunha calcula que o número de garotos afetados seja “de dez a 15”, apenas no seu dormitório. O padre Winfried Schreieck, o ex-diretor da escola, diz atualmente que jamais ouviu qualquer alegação de abusos. Ele acrescenta que tem certeza também “de que aqueles que comandam a ordem procuram investigar qualquer acusação relatada por vítimas de abusos”

A Igreja Católica da Alemanha foi abalada nos últimos dias por revelações de uma série de casos de abuso sexual, arranhando a imagem mais uma vez dos padres católicos. O próprio papa Bento XVI é alemão e se preocupa com a repercusão dos escândalos

Dezenas de vítimas de abusos entraram em contato com “Der Spiegel” nas duas últimas semanas, relatando histórias semelhantes. Algumas dizem que, atualmente, decorridas várias décadas, ainda sentem-se enojadas ao pensar nas carícias, tentativas de sedução e beijos por parte de padres e leigos, enquanto outras continuam traumatizadas após terem sido estupradas quando crianças.

“Nada mais estava certo no meu mundo”

Os nomes de instituições, paróquias e ordens envolvidas parecem compor uma lista de quem é quem no universo católico. Os franciscanos, por exemplo, estão às voltas com acusações de abusos sexuais em um internato, há muito fechado, em Grosskrotzenburg, perto de Frankfurt. Um ex-aluno alega que vários padres da escola praticaram atos abusivos do final da década de sessenta até o início dos anos setenta. “Nós fizemos contato com o ex-aluno, de forma que possamos discutir as acusações e, se possível, investigá-las”, diz Hadrian Koch, o vigário provincial franciscano encarregado do caso.

Muitas entidades e organizações católicas, incluindo os salvatorianos, os palotinos, paróquias, orfanatos administrados por igrejas e organizações de escoteiros estão tendo atualmente que lidar com as acusações feitas por ex-alunos.

Entretanto, devido às suas experiências, muitas das vítimas têm pouca confiança em uma investigação conduzida exatamente pela instituição que ocultou os abusos, às vezes durante anos ou até décadas.

“Aquilo pelo que eu passei modificou algo de fundamental dentro de mim”, afirma um homem que, quando criança, foi colocado em um campo de refugiados em Unna-Massen, perto de Dortmund, para pessoas de etnia alemã que estavam imigrando de ex-países comunistas para a Alemanha. Lá, ele sofreu abusos sexuais por parte de um padre da diocese de Paderborn.

“De repente, nada mais estava certo no meu mundo”, recorda o homem. “Um criminoso como aquele não faz ideia daquilo que ele está destruindo dentro de alguém”.

Vinde a mim as criancinhas

Número de casos de abusos sexuais cometidos pela Igreja Católica continua subindo na Alemanha

Der Spiegel
25/02/2010

A Igreja Católica na Alemanha está sob pressão, à medida que surgem cada vez mais casos de abusos sexuais. Agora o governo está exigindo que a igreja tome medidas rigorosas para investigar os incidentes.

Durante anos, Jörg D. foi infernizado pelos sentimentos de vergonha, insegurança e raiva. Finalmente, em 17 de setembro de 2009, ele enviou ao papa uma carta de quatro páginas descrevendo o seu sofrimento. “Eu suplico pelo seu auxílio, de toda maneira que for possível”, escreveu Jörg.

Mas Bento 16 manteve-se em silêncio. Até hoje, Jörg D., que atualmente tem 25 anos, não recebeu uma resposta, “nem sequer um bilhete. Nada, nada mesmo”.

Franz-Josef Bode, o bispo da cidade de Osnabrück, no noroeste da Alemanha, também não ajudou muito. Ele aconselhou D., uma vítima de abusos, a “esquecer e perdoar”.

Na verdade, o bispo Bode quer que todas as 14 vítimas, que à época eram coroinhas e crianças que se preparavam para receber a primeira comunhão, perdoem e esqueçam. No decorrer de vários anos, até 1995, elas foram vítimas de abusos sexuais, em um total de 227 vezes, cometidos pelo seu padre em uma pequena cidade próxima à fronteira alemã. O padre envolvido, Alois B., teve uma punição leve, que consistiu apenas de um afastamento temporário.

A igreja preocupou-se mais com os criminosos do que com as vítimas”, critica Jörg D. “Ela forneceu a esses padres terapia, hospedagem em resorts de saúde, novos apartamentos e novos cargos, e apagou metodicamente as pistas antigas deixadas por esses indivíduos. Já as crianças que sofreram abusos não contaram com auxílio algum”.

A igreja alemã pede desculpas

Novas alegações de abusos cometidos por membros da Igreja Católica estão emergindo todos os dias. Ursula Rae, uma advogada de Berlim que foi contratada pelos jesuítas para lidar com os casos de abuso, identificou 12 suspeitos e 120 vítimas em apenas três semanas. Rae diz que, no final de janeiro, a ordem sabia da existência de apenas dois suspeitos e sete vítimas. “Os números estão subindo todos os dias”, diz ela. Muitas outras ordens, instituições e paróquias católicas foram afetadas, à medida que novas vítimas relatavam a dioceses, jornais e centros de orientação em todo o país casos de supostos abusos cometidos.

Apesar da aparente urgência da situação, o membro de mais alto escalão da Igreja Católica na Alemanha, o arcebispo de Freiburg, Robert Zollitsch, não se dispôs a fazer comentários durante várias semanas no decorrer do escândalo. Em uma reunião da Conferência dos Bispos Alemães nesta semana em Freiburg, a questão dos “abusos sexuais” seria, inicialmente, apenas um tópico secundário da agenda. “A sociedade em processo de envelhecimento” foi o tópico principal escolhido para a reunião.

No entanto, na última segunda-feira Zollitsch disse à conferência que desejava se desculpar em nome da igreja perante às vítimas dos abusos cometidos em escolas católicas. “O abuso sexual de crianças é sempre um crime horrível”, disse ele, acrescentando que desejava “pedir desculpas a todos os que foram vítimas de tais crimes”.

O maior escândalo em décadas

Ao reagirem àquele que é provavelmente o maior escândalo no interior da instituição em décadas, os bispos alemães têm transmitido uma imagem de confusão e impotência, mostrando-se às vezes preocupados com as vítimas, mas com frequências demonstrando teimosia e falta de contato com a realidade, bem como ignorância. Alguns dizem estar “chocados e preocupados”, enquanto outros, como o arcebispo de Augsburg, Walter Mixa, atribuem sumariamente parte da culpa pelos abusos à “chamada revolução sexual”.

Toda essa publicidade tem obscurecido as necessidades mais urgentes de conduzir uma investigação rigorosa dos incidentes, processar os perpetradores e ajudar as vítimas.

O que é necessário é uma comissão independente, com uma equipe para investigar todas as alegações e responsabilizar os perpetradores e aqueles indivíduos dentro da hierarquia da igreja que sabiam o que estava acontecendo. Tal comissão teria que garantir que as vítimas, a tanto tempo negligenciadas, recebessem aconselhamento, terapia e indenização.

Foi dessa maneira que se lidou com os escândalos de abusos sexuais envolvendo a Igreja Católica na Irlanda e nos Estados Unidos. Comissões nestes dois países investigaram milhares de supostos perpetradores. A comissão da Irlanda foi chefiada por um juiz experiente, a quem foi delegada a autoridade para inspecionar registros secretos da igreja e questionar as partes envolvidas. Será que os bispos alemães estão com medo de tanta transparência e dos possíveis resultados disso?

Escondendo-se por trás de pretextos

Até mesmo o governo alemão está pedindo inequivocamente aos líderes da igreja que tomem medidas – o que é uma abordagem extremamente incomum no contexto das relações entre a igreja e o Estado.

“Eu espero que a Igreja Católica forneça informações concretas a fim de que possam ser tomadas medidas para uma investigação completa”, afirma a ministra da Justiça da Alemanha, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger. “Quando umas poucas pessoas que estão em uma posição de autoridade, como o bispo Mixa, se escondem por trás de pretextos em vez de ajudarem a resolver a questão, isto não nos ajuda muito”, criticou a ministra.

Leutheusser-Schnarrenberger, que é do Partido Democrático Livre (FDP, na sigla em alemão), propõe a nomeação de um ombudsman e a criação de uma mesa redonda de representantes do governo, da igreja e das vítimas. Segundo ela, tal painel “seria uma boa maneira de esclarecer os vários casos de abuso e de dar à Igreja Católica a oportunidade de entrar em um diálogo com as vítimas sobre indenizações voluntárias”.

No entanto, a visão que ainda prevalece entre o clero é a de que os ataques sexuais são casos isolados, que consistem nas lamentáveis transgressões de irmãos que se desviaram da rota correta. Os bispos alemães estão determinados a evitar o destino dos seus congêneres irlandeses, que foram chamados a Roma na semana passada para serem publicamente admoestados devido à forma como lidaram com os escândalos de abusos de crianças.

Ao mesmo tempo, os vários novos casos suspeitos indicam que o abuso de crianças e adolescentes era um fenômeno aparentemente generalizado em todo o mundo católico. Uma das instituições católicas nas quais supostamente ocorreram abusos de crianças é a Casa Franz Sales, uma instalação para pessoas portadoras de deficiências na cidade de Essen, no oeste da Alemanha, que recentemente comemorou o seu 125º aniversário como “uma instituição venerável com uma grande história”. Ela representa “uma cultura de consideração”, afirma o bispo auxiliar de Essen, Franz Vorrath.

“Nós éramos trancados no sótão”

Rolf-Michael Decker descreve aquilo que alega ter ocorrido com ele quanto tinha 14 anos de idade. “Nós às vezes éramos trancados em quartos no sótão, por exemplo, após tentativas de fuga”, recorda Decker. “Certa noite, K., um dos professores, dirigiu-se até a minha cama e me disse para acompanhá-lo. Ele me levou até o seu quarto, trancou a porta e me mandou tirar a camisa do meu pijama. Ele começou a me acariciar e a se despir enquanto isso. Tudo foi muito estranho para mim, e eu me senti desconfortável, mas ele me ameaçou, afirmando que se eu não ficasse quieto ele me trancaria por muito mais tempo”.

Segundo Decker, outros garotos foram submetidos a estupros e sexo anal durante anos. Ele também acusa um padre que trabalhava na instalação de praticar abusos sexuais. “Duranta a confissão, ele nos fazia perguntas sobre coisas obscenas enquanto se masturbava”. Decker, 55, já encontrou quatro outras testemunhas.

Uma investigação sobre o passado sombrio da Casa Franz Sales poderia ter sido iniciada antes, em 2002. Naquele ano, o diretor, que fora acusado de praticar abusos sexuais, embora não na própria Casa Franz Sales, renunciou imediatamente ao cargo “de forma a não prejudicar a boa reputação da Casa Franz Sales devido a uma transgressão que ocorrera muito tempo antes”. A igreja aparentemente não se interessou em levar o caso adiante.

Atualmente, porém, o atual diretor da instituição, Günter Oelscher, deseja ver as alegações de abusos sexuais apuradas, “não importa o efeito que isto tenha sobre a imagem da instituição”.

Imagens pornográficas

Aparentemente, a ordem dos Salesianos de Dom Bosco foi atingida de forma especialmente severa. Conforme uma porta-voz admitiu em uma entrevista a “Der Spiegel” na sexta-feira passada, acusações de abusos sexuais foram feitas contra quatro indivíduos associados, atualmente ou no passado, à ordem, incluindo membros e funcionários. Eles têm ligações com a Ex-Casa de Crianças Dom Bosco em Berlim, onde dois padres e um funcionário supostamente molestarem jovens menores de idade até a década de setenta.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Pedofilia abala também a Igreja Católica da Alemanha

Der Spiegel
A Igreja Católica alemã foi abalada nos últimos dias por revelações de uma série de casos de abuso sexual. Perto de 100 padres e membros do corpo laico foram apontados como suspeitos de abuso nos últimos anos. Após anos de supressão, o muro de silêncio parece estar ruindo.


Isto é o que parece, o documento de uma conspiração: 24 páginas em latim, com apêndice, publicadas pela Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano.


Uma “norma interna”, ou conjunto confidencial de diretrizes para todos os bispos, aos quais foi exigido que o mantivessem em segredo por toda a eternidade, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.


As diretrizes, emitidas no ano de Nosso Senhor de 1962, tratam de um assunto delicado: o sexo no confessionário. O Vaticano não colocou de forma tão direta, preferindo o uso de uma terminologia mais cautelosa para descrever o que acontece quando um padre desvia um membro de seu rebanho antes, durante ou depois da confissão –em outras palavras, quando ele induz um penitente a “assuntos impuros e obscenos” por meio de “palavras, gestos, toques ou sinais com a cabeça”.


Segundo as instruções de Roma, os bispos precisavam lidar firmemente com cada caso individual –tão firmemente, de fato, que tudo permaneceria dentro dos limites da Santa Igreja. Afinal, a Congregação para a Doutrina da Fé – antes conhecida como a Inquisição – tem séculos de experiência na condução de investigações internas. O Vaticano sempre preencheu todos os cargos nestas investigações – promotores, defensores, juízes – com membros de suas próprias fileiras, enquanto os documentos das investigações são mantidos em arquivos secretos na Cúria Romana.


Na íntegra: http://integras.blogspot.com.br/2010/02/pedofilia-abala-tambem-na-alemanha.html