quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Chico Xavier: charlatão ou vítima de auto-engano

Chico Xavier tornou o Brasil o país com a maior população espírita do mundo. Seus livros (apesar de em nenhum deles seu nome aparecer como autor) venderam mais de 50 milhões de cópias, segundo números da Federação Espírita Brasileira. e ele não teria ganhado NADA com a venda das obras. Suas psicografias são tão famosas que uma delas chegou a ser usada como prova para absolver um assassino! Certamente um dos casos mais bizarros da história da justiça brasileira.

Porém, Chico Xavier sempre levantou suspeitas dos mais céticos. Não interessa quais são os seus interesses e, lembrando o Maquiavel, os fins justificam os meios. Ele se promoveu com isso e nunca ninguém provou a sua “mediunidade”. Tudo é baseado estritamente na fé de seus “seguidores”. E uma de suas supostas habilidades mais famosas é sua capacidade de “psicografar” cartas. Nesse tipo de trabalho Chico Xavier atendeu milhares de pessoas que queriam conversar com parentes e amigos mortos. E aí? E aí que ele o fez, mas infelizmente (com solidariedade ou não) Chico Xavier nunca esteve certo e existem várias evidências de que ele teria usado leitura fria e falsificado assinaturas. Podemos ver aqui um exemplo:

Por mais que Chico Xavier tenha feito grandes trabalhos filantrópicos e assistenciais qual seria o motivo para falsificar assinaturas? O mesmo parece responder:

A verdade que fere é pior do que a mentira que consola… entenda quem puder – O Evangelho segundo Chico Xavier (2000)

Bom lembrar que o Chico Xavier não era um analfabeto e nem chegava a ser um semi-analfabeto. Mesmo estudando apenas até a quarta série sempre foi um leitor voraz a ponto de ter uma vasta biblioteca em casa, com inclusive livros em inglês, francês, italiano e até hebraico. Ah, sim, mas ele tem pouco conhecimento, né? Inocente é quem acredita nesse papo.

Mas provavelmente nada, mas nada é tão tosco quanto acreditar nas “materializações de espíritos” como por exemplo isso aqui:



Ou ainda isso: 

ou isso:

Chico em ação, conversando com o espírito da Freira Josefa...  Fotos publicadas na década de 1960 pela revista “O Cruzeiro” sobre a farsa das “materializações” em Uberaba envolvendo a médium Otília Diogo e os mais famosos Chico Xavier e Waldo Vieira... 




Na imagem acima podemos ver Vieira (esquerda) e Xavier (direita) oferecendo um livro ao que seria a materialização da irmã Josefa, o espírito de uma freira, através de Otília Diogo. Se você achava pessoas cobertas de lençóis brancos como fantasmas algo digno de desenhos animados infantis, um estereótipo cômico, em verdade tal ícone moderno representando fantasmas se baseia em “sessões de materialização” como esta, levadas muito a sério por espiritualistas. Elas eram mais comuns em fins do século 19 na Europa e EUA, mas mesmo nestas partes do mundo, e principalmente no Brasil, se prolongam até hoje...O espírito branco na foto acima está dentro de uma “jaula”, em uma série de salvaguardas que supostamente evitariam “possíveis fraudes”. Fato é que não evitaram. A equipe de “dezenove médicos pesquisadores”, contando ainda com a participação registrada, que enfatizamos ainda outra vez, de Chico Xavier e Waldo Vieira, ao longo de três meses apenas endossou como autêntica uma fraude que viria a ser exposta mais claramente alguns anos depois, noticiada pelo próprio Cruzeiro.. 


Na imagem acima, além dos véus “trespassados” pelas grades, também se vê muito claramente a viseira que o “espírito” possuía no véu que cobria a cabeça – algo absurdo para um espírito, mas muito necessário a uma pessoa – bem como o fato de que o “espírito”, como notou Vieira, era tanto um ser igual a qualquer outro que podia segurar um livro muito material em suas mãos. Na foto à esquerda ainda se notam as mãos e dedos de carne e osso...


“Irmã Josefa”... Da quadrilha de Chico Xavier... 
"Isso não prova que as imagens são falsas!"

Muito menos prova que são verdadeiras. Espírito se materializar? Sempre ouvi dizer que eles são imateriais mas com o espiritismo eles se materializam… E até seguram livros. Ou seja, eles desafiam a Segunda Lei da Termodinâmica e convertem em matéria aquilo que não é material. O mito do milagre de Cristo em transformar água em vinho não é nada perto desse de transformar o nada num troço material com tamanho e massa de uma pessoa envolto de um lençol ou gaze. Provas? Algum cientista foi lá com uma tesoura retirar um pedaço do lençol ectoplasma [sic] para examinar? Não. Eles simplesmente não deixam e as poucas pessoas que já tocaram nisso disseram que parece lençol. E de fato o é.

Agora fica a pergunta: Chico Xavier era charlatão ou vítima de auto-engano? Se ele enganou esse tempo todo porque o fez? Para confortar? Bem, não sou do tipo que “mente para confortar”, pois acredito que uma verdade dolorosa sempre vale mais. O fato é que Chico Xavier não era médium, não era semi-analfabeto (o cara lia até hebraico) e mentiu (ou o fizeram mentir) sobre materializações de espíritos. Se a venda de seus livros “ajudam mais 100 mil famílias” como dizem pode ser um lado muito positivo, assim como o fato dele ter aberto mão de se tornar um milionário (ao contrário do fazem escritores-médiuns atuais). Apesar de que não abro mão de questionar tudo isso.

O Chico Xavier pode ter sido duas coisas então: 1. Ele foi um charlatão atrás de fama mas não de dinheiro e quis ajudar os pobres mesmo mentindo. 2. Ele teve auto-engano e os outros deram corda para isso. Em tanto um caso como outro Chico Xavier demonstrou desonestidade. Ainda que seja para causas filantrópicas. Pois no caso do segundo acho IMPOSSÍVEL ele não ter se tocado que, por exemplo, no caso de materializações de espíritos ele não tenha percebido que tal fantasma era apenas uma pessoa coberta com um lençol ou toda enfaixada com gaze. Ele levou tudo isso até depois dos 90 anos. Agora ele já não está mais entre nós, suas citações profundas e elegantes circulam pela web e ainda são usadas em vinhetas de alguns programas de televisão. De um jeito ou de outro Chico Xavier, infelizmente, deixou um grande legado para charlatões.